Amigos varejistas — e também aqueles que vivem de vender sonhos parcelados em boletos —, julho trouxe um alívio. Pequeno, quase invisível, mas trouxe.
O Índice do Varejo Stone mostrou que, depois de um tombo de 3,8% em junho, o varejo brasileiro conseguiu levantar-se da lona: 2,4% de alta no índice ampliado e 0,6% no restrito. Nada de fogos de artifício, mas o suficiente para respirar sem o tubo de oxigênio.
Mas calma que nem tudo é festa. Na comparação com julho do ano passado, os dois índices continuam no vermelho: -1,1% e -1,5%. É o clássico "dois passos para trás, um para frente". Uma recuperação que mais parece tropeço.
O comércio eletrônico, outrora vendido como a salvação definitiva, foi quem mais sangrou: queda de 6,8% em julho e um tombo de 18% em relação a 2024.
Já o varejo físico ainda insiste, arrasta os pés, ganha 0,7% no mês, mas continua 1,1% abaixo do desempenho do ano passado.
No meio da pasmaceira, quem levantou a mão foi o setor de Material de Construção, com alta mensal de 3,8%. Porém, continua menor do que há um ano. Já Combustíveis e Lubrificantes foram os únicos que conseguiram a proeza de crescer tanto no mês quanto no ano. Milagre em tempos de escassez.
Do lado oposto, temos livros, jornais e papelaria derretendo, móveis e eletrodomésticos em queda livre de 8% no comparativo anual, e vestuário que tenta se equilibrar, mas ainda tropeça. Artigos de uso pessoal até respiraram em julho, mas seguem mais fracos que antes.
No mapa do Brasil, um retrato dividido: nove estados em alta — destaque para Acre, com 6,5%, e Tocantins, com 6,4%. Mato Grosso também brilhou com 4,2%. Enquanto isso, o Rio Grande do Sul amargou -7,0%, seguido de perto por Amazonas, Rio Grande do Norte e Maranhão. A geografia da crise e da resiliência.
Se o varejo dá sinais de vida meio cambaleante como a fênix que tenta sair das cinzas, depara com a inflação, as dívidas das famílias — que já consomem quase 28% da renda — e a desconfiança do consumidor são pesos que impedem o voo.
Recuperação parcial não basta.
O Brasil precisa de confiança, emprego e renda. Caso contrário, o varejo seguirá nesse eterno ensaio de ressurgimento, como quem promete levantar amanhã, mas dorme mais um pouco hoje.