O poeta José Carlos Mendes Brandão, nascido em 1947, lança neste mês sua obra completa: "Matéria e Memória - poesia reunida - 1975-2025" (Mireveja). O livro reúne 472 páginas que percorrem cinco décadas de uma produção poética contínua, premiada e marcada por rigor estético, densidade filosófica e força crítica. O lançamento acontece na próxima quarta-feira (13), às 19h30, na Biblioteca Municipal de Bauru (avenida Nações Unidas, quadra 8).

Mais que um lançamento, a publicação da obra completa é um gesto de resistência: Brandão é um poeta que atravessou as décadas sem ceder às fórmulas do mercado, investindo na palavra com profundidade e liberdade. Aos 78 anos, continua escrevendo, editando e participando ativamente da cena literária brasileira.

Além de suas temáticas centrais - como o tempo e a morte - sua poética também se posiciona politicamente, como mostram livros recentes como O País Impossível (2022), onde sua poesia surge "do olho cego, do escárnio da vida, das vísceras embrulhadas pelos desmandos de um país que se mostra realmente impossível". Humor ácido, ironia lírica e resistência ética aparecem como marcas inconfundíveis de sua escrita. Brandão acredita na força da linguagem como forma de resistência.

Ao todo, são 17 prêmios literários e uma trajetória que combina um trabalho de carpintaria com a escrita e um diálogo constante com a vida. Mesmo aposentado do magistério desde 2001, Brandão jamais se afastou da literatura. Pelo contrário, a aposentadoria abriu espaço para uma dedicação ainda mais intensa à escrita, à leitura e a ações formativas.

Uma obra como testemunho

A escolha do título "Matéria e Memória" dialoga com o pensamento filosófico de Henri Bergson, mas também reflete a própria trajetória de Brandão numa síntese do que o poeta viveu e do trabalho que realiza com sua linguagem.