COLUNISTA

A festa de São Cristóvão em Bauru e os animais

Por Mariana Fraga Zwicker |
| Tempo de leitura: 2 min
Advogada, Ativista pelos Direitos Animais e Católica Apostólica Romana

A Coluna Animal dessa semana vai fazer uma reflexão sobre as questões envolvendo a festa da paroquia de São Cristóvão em Bauru que tradicionalmente acontece no mês de julho há algumas décadas e as questões legais envolvendo os direitos dos animais. São Cristóvão é o santo padroeiro dos motoristas, caminhoneiros, taxistas, peregrinos, marinheiros e viajantes. Ele é representado carregando o Menino Jesus nos ombros, simbolizando a lenda de que ajudou um menino a atravessar o rio, e quando chegou na margem do rio, o menino ficou com a feição de Jesus Cristo.

No último domingo em Bauru, vivemos momentos de muita tensão com o barulho vindo de caminhões enormes, daqueles somente se vê nas rodovias do país, passando em frente as nossas casas. Mesmo quando o semáforo fechava e os caminhões ficavam parados, eles continuavam buzinando em frente aos imóveis. Os animais domésticos ficaram totalmente desestabilizados, choraram, uivaram, tremiam, estavam inconsoláveis, em pânico sem entender nada. Alguns animais com o intuito de fugir do barulho, acabam tentando se esconder dentro de algum local e acabam se machucando. Pessoas autistas também sofrem muito com o barulho do buzinaço.

Nas redes sociais não se falava em outra coisa senão o barulho ensurdecedor vindo das carretas. Alguns falavam “isso  acontece uma vez por ano” enquanto outros internautas esbravejavam e trocavam farpas entre si.  Sendo a Igreja Catolica uma igreja tao antenada com a realidade que nos cerca, até mesmo o ultimo papa, o Papa Francisco, admitiu que os animais também tem alma e pela primeira vez na historia da Igreja Católica os animais ganharam voz e vez, não seria prudente que a Paroquia de São Cristóvão a partir da próxima festa revisse o conceito de benção e ao invés de fazer uma carreata barulhenta e que trouxe muitos danos a fiação de internet e telefone (deixando muitas pessoas sem comunicação) fizesse uma comemoração silenciosa sem buzinaço, apenas abençoando carros, caminhões, chaves e motoristas?

Inclusive esse barulho excessivo pode ser considerado contravenção penal, artigo 42 da Lei de Contravenções Penais (Decreto Lei 3.688 de 1941). Essa contravenção se configura quando alguém perturba o sossego ou trabalho alheio por meio de gritaria, algazarra, uso excessivo de instrumentos sonoros ou ruídos provocados por animais quando se é tutor do animal. A pena prevista é de prisão simples, de quinze dias a 3 meses ou multa. Que tal a Paroquia São Cristóvão de Bauru repensar a partir do próximo ano comemorar o dia de São Cristóvão diferente, sem buzinaço, apenas abençoando pessoas e as chaves dos carros e caminhões? Certamente o santo homenageado e São Francisco, padroeiro dos animais, ficariam mais felizes! Tenho certeza de que essa ideia será aprovada por católicos e não católicos. Pessoas e animais agradeceriam. 

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