ECONOMIA LOCAL

Bauru: quem deve mais quita a dívida em menor prazo no comércio

Por Tisa Moraes | da Reação
| Tempo de leitura: 3 min
Arquivo JC
Calçadão no Centro de Bauru
Calçadão no Centro de Bauru

Consumidores inadimplentes que devem valores mais elevados no comércio de Bauru costumam regularizar a pendência mais rapidamente do que aqueles que possuem débitos menores, de até R$ 500,00. Segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) local, estas dívidas mais altas são quitadas, normalmente, em até um ano.

As estatísticas mostram que, nos últimos cinco anos, 35,9% das 23.235 contas contraídas e não pagas nos cerca de 800 estabelecimentos comerciais associados à entidade venceram há 365 dias ou menos. “Nesta faixa, é onde se concentram as dívidas de valor alto”, afirma Elion Pontechelle Junior, consultor jurídico da entidade.

Conforme mostra o levantamento da CDL, o valor do débito não ultrapassa R$ 500,00 em 60% dos casos contabilizados no período. Pontechelle Junior explica que, quanto maior a dívida, mais rapidamente o consumidor tende a procurar meios para quitar o valor, até por ter ciência de que, com maior probabilidade, poderá ser acionado judicialmente pelo credor.

Já o que deve quantias reduzidas, por sua vez, pode entender que corre menos riscos e optar por aguardar o prazo de cinco anos, período máximo em que o inadimplente, em razão de uma dívida específica, pode ficar com o nome negativado no cadastros de restrição de crédito, conforme prevê o Código de Defesa do Consumidor.

“O credor pode ajuizar a ação de cobrança em até dez anos, sendo necessário reunir documentos para comprovar o débito. Então, quem deve abaixo de R$ 500,00, em geral, tem menos interesse em pagar o débito e prefere esperar a prescrição para sair do cadastro, a não ser que surja algum fator pontual que exija o nome limpo, como, por exemplo, um financiamento para comprar um imóvel ou um veículo”, analisa.

Das 23.235 dívidas inscritas no cadastro da CDL de Bauru em cinco anos, 20,8% estão pendentes entre um e dois anos, 23%, de dois a três anos; e 20,2%, de três a quatro anos. Do total, além de 60% não ultrapassarem R$ 500,00, 18,9% têm valor que varia de R$ 501,00 a R$ 1 mil; 12,5%, oscilam entre R$ 1 mil e R$ 2 mil; e 8,6% ficam acima de R$ 2 mil.

PERFIL DOS DEVEDORES

O levantamento também revela que 20.449 consumidores ficaram com o nome restrito nos últimos cinco anos, o correspondente a 6,8% da população adulta de Bauru. Entre os inadimplentes, 52,3% eram homens e 95,7% eram solteiros.

“Esta predominância entre os não casados está relacionada ao fato de, geralmente, eles não terem filhos, ainda morarem com os pais e não serem os responsáveis por arcar com as contas fixas e os itens de necessidade básica da casa. Então, gastam com menos responsabilidade”, analisa o consultor jurídico.
Já quanto ao equilíbrio entre os nomes negativados por gênero, Pontechelle Junior destaca que, com o avanço das mulheres no mercado de trabalho nas últimas décadas, com a consequente independência financeira, elas foram ampliando sua presença na lista de inadimplentes. Da mesma forma, ele pondera que o perfil de idade dos devedores também sofreu alteração.

Cita que, durante os primeiros anos da pandemia de Covid-19, iniciada no Brasil em 2020, muitos trabalhadores perderam o emprego e precisaram da ajuda financeira de aposentados e pensionistas da família. “Então, os mais endividados eram os mais velhos, porque emprestaram o cartão de crédito, o nome para fazer um empréstimo. Mas, com o fim da crise sanitária, buscaram reequilibrar as finanças, o nível de emprego foi recuperado e a inadimplência por faixa etária ficou mais distribuída”, pontua.

Das 20.449 pessoas com o nome negativado, predominam as que possuem entre 31 e 40 anos (26,3%); 41 a 50 anos (21,7%); e acima de 50 anos (21,3%). Juntos, os devedores somam R$ 27,650 milhões em contas não pagas no comércio da cidade.

Comentários

Comentários