BAURU

Revitalizar Bela Olinda custa R$ 65 mi e Markinho quer fatiar

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
André Fleury Moraes
Grande parte das ruas não tem pavimento; naquelas com asfalto, buracos tomam conta
Grande parte das ruas não tem pavimento; naquelas com asfalto, buracos tomam conta

Construído há décadas num projeto visionário de moradia que incluía até portaria, o que nunca saiu do papel, o bairro Quinta da Bela Olinda, em Bauru, hoje grita por socorro através de seus moradores, que reclamam investimentos em infraestrutura e segurança naquela região.

Parte das reivindicações, admitem, saiu do papel no governo Suéllen Rosim (PSD) - mas o desafio, na avaliação de munícipes e do presidente da Câmara, o vereador Markinho Souza (MDB), é muito maior do que se imagina.

O próprio governo admite isso: em audiência pública realizada há pouco mais de um mês, revelou que o projeto de revitalização da Bela Olinda está pronto. Custa, porém, R$ 65 milhões - valor inviável a um orçamento que se revela apertado mesmo para coisas menores, como o caso do monitoramento. Por isso mesmo é que Markinho defende o fatiamento dos investimentos. "Precisamos fazer por etapas. Até porque R$ 65 milhões não temos agora nem teremos futuramente", afirma. "Se a ideia for revitalizar só quando houver esse recurso, não faremos nunca", menciona.


Aposentado Marcos Farçoni (à esq.) e o presidente da Câmara, vereador Markinho Souza (Foto: André Fleury Moraes)

A mesma avaliação faz o aposentado Marcos Alberto Farçoni, morador da Quinta da Bela Olinda desde 2009 e testemunha ocular do problema que o bairro hoje enfrenta. "Tivemos melhorias [neste governo], principalmente na construção das ligações de esgoto. Antes vivíamos com fossas. Então deu, sim, uma melhorada. Mas ainda há muito a ser feito", avalia.

O asfalto é uma das principais demandas. "O que está aí existe desde a construção do bairro. E desde então vivemos de remendos. Quando instalaram a rede de esgoto fizeram apenas serviços de tapa-buraco. Isso logo se deteriora", comenta. Quem caminha ou dirige pelas ruas do bairro constata a precária infraestrutura existente. Se a grande parte das ruas o asfalto ainda não chegou, aquelas que têm pavimento possuem uma infinidade de buracos e desníveis que, segundo Marcos, causam transtorno e elevam gastos de moradores com oficinas mecânicas para reparo nos respectivos veículos.

Problema antes inexistente, a insegurança com a qual vários bairros de Bauru hoje convivem chegou também à Bela Olinda. "O pessoal manda vídeos que dá dó. O cara entra numa residência para roubar botijão de gás e estraga a casa do morador. A pessoa pula o muro, não está nem aí com cerca elétrica, com concertina. Isso virou realidade", critica. Enquanto as demandas se acumulam, o governo enfim elaborou um projeto executivo de revitalização do bairro. "Projeto já temos. Falta conseguir recursos", avalia o presidente da Câmara, Markinho Souza, que admite o desafio em torno de angariar R$ 65 milhões para o tema.

No final de maio, a secretária Pérola Zanotto, titular da pasta de Infraestrutura, afirmou que o plano está dividido em duas frentes. A primeira contempla a área onde será construído o novo empreendimento de uma incorporadora, a Ecovita, com cerca de 700 moradias. Nesse caso, caberá à própria empresa viabilizar a infraestrutura necessária. "Em vez de pagar pelo terreno, ela paga pela infraestrutura dos lotes urbanizados", explicou a secretária.

A segunda diz respeito à infraestrutura da área restante, cuja responsabilidade recai sobre o município. Os R$ 65 milhões equivalem a praticamente seis vezes o orçamento para toda a Secretaria de Infraestrutura somente neste ano - cálculo que inclui reserva a salários e vencimentos, a maior parte do custo. A titular da pasta reiterou que o governo não tem condições de bancar sozinho a execução da obra e deverá buscar recursos externos.

Daí a ideia de Markinho de se executar o projeto em etapas. "O governo diz que não dá para colocar galeria e asfalto na Bela Olinda sem implementá-los no Distrito Industrial 4. Até porque toda a água daqui vai para lá. A nossa briga agora é o quê? Fracionar o projeto, fazer em lotes, para que tenhamos algo factível", explica o presidente da Câmara.

Projeto também prevê demolir portal instalado no bairro


Markinho e Marcos defendem solução viária ao local do portal, mas querem ver projeto pronto antes da demolição (Foto: André Fleury Moraes)

Um outro aspecto da revitalização da Quinta da Bela Olinda passa pelo portal de acesso ao bairro, uma imponente estrutura de concreto que dificilmente deixa de ser notada por quem passa pelo trevo de acesso à região na rodovia Cesário José de Castilho, a Bauru-Iacanga.

Chefe de gabinete da prefeita Suéllen, Leonardo Marcari afirmou na audiência que o governo já discute junto às secretarias demolição do portal. A preocupação, segundo ele, envolve a melhoria da visibilidade e do fluxo viário no local. Para Markinho, eventual demolição da estrutura, se de fato vingar, deve necessariamente acontecer com a garantia de que haja um projeto viário à região. "O portal afunila bastante o trânsito, causando lentidão, e os próprios moradores reconhecem isso. Mas não dá para só demolir. Tem que ter projeto", afirma.


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