Dois países entram em guerra. As armas de fogo são fornecidas por um empresário que pouco se importa com as vidas perdidas. Nas ruas, pessoas murmuram pedidos de socorro, clamando com fé por um salvador. São cenas do novo "Superman", mas servem também como um retrato do que está acontecendo em diferentes países da vida real. Esta é a quarta encarnação do personagem nas telas ?e também a mais política. A trama critica a indústria armamentista, o descaso de superpoderosos e a ganância em meio à desgraça.
É um aceno aos conflitos armados que são travados pelo mundo neste momento. "Ao escrever o roteiro, pensei: esse é um mundo fictício com robôs, cães voadores e monstros gigantes, mas e se o Super-Homem fosse real? Como ele entraria em conflito ou apoiaria os governos? Ele seria um problema?", diz o diretor do filme, James Gunn. O Super-Homem nunca foi um personagem apolítico, mas tampouco de bandeiras. Arcos dos quadrinhos como "Superman: Red Son", que virou uma animação há cinco anos, até miram a política de forma mais direta, mas a maioria das histórias clássicas só assopram nas mazelas sociais, pintando ele como um herói apartidário, um "isentão". É diferente do patriota Capitão América, por exemplo, e do Batman, que denuncia a criminalização dos subúrbios americanos.
Gunn deu nomes fictícios para os dois países que entram em guerra em seu filme, mas ambos têm nomes com grafias e pronúncias semelhantes aos de territórios reais do Oriente Médio. Embora Gunn seja abertamente crítico a Trump, para Corenswet, que dá vida ao protagonista, o filme debate política sem dar partidos ao super-herói. "Ele não representa um governo ou um país, mas ideais. E, acima disso, quer representar a si mesmo e seu desejo de fazer o bem, de elevar a humanidade."