BAURU

USP Bauru desenvolve IA para prever e evitar cáries

Por Guilherme Matos | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução/TV USP Bauru
Professora Marília Buzalaf em entrevista a Vitor Oshiro
Professora Marília Buzalaf em entrevista a Vitor Oshiro

Um projeto da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), da Universidade de São Paulo (USP), pretende usar Inteligência Artificial (IA) para detectar cáries antes delas aparecerem. A iniciativa foi contemplada por um programa de financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conta com apoio da Ohio State University (OSU) dos Estados Unidos

Coordenado no Brasil pela professora Marília Buzalaf, diretora da FOB, o estudo utiliza imagens de fluorescência quantitativa induzida por luz — tecnologia que capta alterações nos dentes antes da formação de cavidades. A ideia é treinar um algoritmo com essas imagens e dados clínicos para que ele consiga prever se uma lesão inicial, ainda invisível, vai evoluir ou regredir.

"O grande objetivo é identificar a cárie no estágio mais precoce possível", disse Marília, em entrevista ao jornalista Vitor Oshiro, do programa Ligado na Universidade, da TV USP Bauru. Segundo ela, o projeto usa dados coletados em um estudo clínico prévio do trabalho de doutorado da aluna Samantha Mascarenhas Moraes com pacientes ortodônticos (aparelho fixo), que apresentam risco mais alto para o desenvolvimento de cáries.

Com base nesse material, a IA será treinada para reconhecer padrões e apontar se há chances de a mancha branca, estágio inicial da cárie, se transformar em cavidade. Caso o risco seja alto, será possível intensificar os cuidados preventivos com flúor e higiene bucal.

O estudo está em fase inicial. Os dados já foram coletados e agora passam por ajustes para que possam ser processados. O nome do projeto é "Detecção precoce de carie dentária: desenvolvimento de um algoritmo de rede neural com base em dados clínicos e imagens de fluorescência quantitativa induzida por luz". As próximas etapas envolvem o desenvolvimento do algoritmo, com apoio de especialista da área de informática biomédica da OSU.

O projeto tem financiamento de R$ 420 mil, com recursos destinados à compra de um computador de alto desempenho e ao intercâmbio entre os pesquisadores. Além de Marília Buzalaf, integram a equipe a pesquisadora Samantha Moraes, no Brasil, e a professora Andreia Ferreira Zandona, nos Estados Unidos.

A cárie ainda é a doença crônica mais prevalente no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Para os pesquisadores, a IA pode se tornar uma aliada importante no combate ao problema. "Queremos evitar que o tratamento precise ser invasivo. Quanto mais cedo diagnosticarmos, maiores as chances de reversão", afirmou Marília.

A previsão é que o estudo seja concluído até o fim de 2027.

Comentários

Comentários