NO CENTRO

Codepac dá início a estudo sobre tombar rua de paralelepípedos

Por Tisa Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
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Valor histórico da rua Júlio Prestes está sob análise do Codepac
Valor histórico da rua Júlio Prestes está sob análise do Codepac

O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru (Codepac) iniciou estudos para avaliar a possibilidade de tombar como patrimônio histórico o pavimento de paralelepípedos da quadra 1 da rua Júlio Prestes, no Centro da cidade, onde ocorre a Feira do Rolo todos os domingos. A decisão foi tomada durante reunião do colegiado realizada no último dia 10.

Como se trata de uma via com características originais da época da formação do município, um relatório será produzido para avaliar se este bem possui valor histórico para ser tombado, o que, por regra, impediria definitivamente sua descaracterização. A expectativa é de que o conselho tenha condições de deliberar sobre o tema em 90 dias.

"Esse assunto vem sendo discutido entre munícipes, porque aquela área é um dos últimos remanescentes de paralelepípedos em Bauru. Então, já existe uma manifestação favorável à preservação desse pavimento e, além disso, nele ocorre a Feira do Rolo, uma manifestação popular, cultural que faz parte da história da cidade. E está ao redor da Estação Ferroviária, que já é um bem tombado", pondera a presidente do Codepac, Juliana Cavalini Lendimuth.

De acordo com ela, uma conselheira foi designada para produzir o relatório que embasará a decisão final do colegiado. A previsão é de que o texto preliminar fique pronto em 30 dias para ser submetido à primeira apreciação dos demais conselheiros.

Sem entraves

Após eventuais sugestões e ajustes, o relatório final demonstrará a importância ou irrelevância do bem e o Codepac aprovará ou não o seu tombamento. Na sequência, o Executivo terá a prerrogativa de chancelar ou vetar a decisão.

Juliana explica que, diferentemente de prédios, vias de paralelepípedos tombadas são de fácil manutenção. Assim, quando há necessidade de um serviço de reparo, por exemplo, em um vazamento na tubulação de água, as equipes de manutenção não enfrentariam entraves ou riscos de causar prejuízos ao patrimônio.

"É muito mais fácil do que quando é asfalto, porque a pedra está em contato com a terra. Então, basta tirar a pedra e a terra, fazer o trabalho, colocar a terra e assentar a pedra novamente por cima. É algo comum na Europa, onde os calçamentos em pedra são muito preservados", compara.

Templos católicos também são alvos do conselho

O Codepac também iniciou estudos para analisar a possibilidade de tombamento da Catedral do Divino Espírito Santo, na Praça Rui Barbosa, e do Santuário Nossa Senhora de Fátima, no Jardim Estoril. Segundo Juliana, o primeiro foi um pedido de munícipes e o segundo, uma deliberação do próprio colegiado.

Ela explica que a reforma realizada no interior da Catedral foi questionada por arquitetos e profissionais de história e arte, bem como pela comunidade em geral, por ter alterado as características originais do templo. "A crítica deve-se à desarmonia dessa intervenção. E, agora, há uma preocupação com a realização da reforma da fachada, cujo projeto já está pronto e propõe a inserção de elementos góticos em um conjunto arquitetônico que não é do período medieval, mas sim do século 20", pontua.

Já o Santuário Nossa Senhora de Fátima chegou a ser alvo de um processo de tombamento em 2009, que acabou sendo arquivado devido à inércia para a juntada de alguns documentos. Agora, o Codepac instaurou um novo procedimento, considerando o valor histórico, arquitetônico e religioso do templo, projetado pelo arquiteto Fernando Pinho, também responsável pelo projeto urbanístico do Jardim Estoril. "O Santuário é um ícone da arquitetura moderna de Bauru, da década de 1970, totalmente preservado e na ambiência deste bairro, também um modelo de urbanismo moderno", completa.

Em nota, a Diocese de Bauru informou que não irá se manifestar sobre o assunto. Qualquer munícipe pode solicitar o tombamento de bens da cidade por meio de ofício que pode ser protocolado no Codepac, localizado no Museu Ferroviário, ou na Secretaria Municipal de Cultura.

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