A inflação oficial, medida pelo IPCA - Índice de Preços ao Consumidor Amplo, veio abaixo do projetado pelo mercado, ficando em 0,26% em maio. Lembrando que em abril o índice foi de 0,46%, portanto, houve desaceleração.
A boa notícia veio do grupo alimentação e bebidas que finalmente começou a desacelerar, com alta somente de 0,17% no mês passado. O grupo habitação foi o vilão com alta de 1,17% no período. Diante desta boa notícia é possível projetar queda na taxa básica de juros já na próxima reunião do Copom - Comitê de Política Monetária que ocorrerá nos dias 17 e 18 de junho?
Como dizem: "muita calma nesta hora". Sabemos que o Banco Central analisa a inflação em expectativa, ou seja, a projeção da inflação futura e não a inflação passada, contudo não podemos deixar de considerar que a taxa anualizada (de junho de 2024 a maio de 2025) está em 5,32%, portanto, 1,32 ponto percentual acima do limite máximo da meta que é de 4,5% ao ano (a meta é de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo).
Desta maneira a inflação ainda não atingiu os níveis desejados. Outro aspecto, apontado em todas as atas anteriores do Copom, é a indefinição fiscal.
Vejam a ginástica que o governo Federal vem fazendo para tentar cumprir o Arcabouço Fiscal. Tem sido a chamada tentativa e erro. Sem cortar os gastos, só resta tentar arrecadar mais. Flertaram com o aumento do IOF, agora querem alterar essa fonte de receita utilizando a tributação de fundos de renda fixa, bets, entre outras. Em resumo: o desequilíbrio fiscal, com gastos públicos acima do nível de arrecadação, realimenta a inflação.
No front externo, continua a indefinição no tocante as tarifas americanas, portanto, qualquer descuido, a inflação volta.
A taxa de câmbio, com o dólar mais baixo, tem ajudado no controle dos preços internos, mas não é o momento de abrir a guarda.
Por esta leitura, é bem provável que a taxa de juros não suba agora (havia essa possibilidade), pois seria cedo para iniciar o processo de redução. Há mais incertezas no ambiente econômico do que certezas.
Se o Banco Central mantiver a coerência, tudo aponta pela manutenção da política monetária restritiva, ou seja, a taxa básica será mantida no patamar atual de 14,75% ao ano.
Agora uma coisa ajudaria a abrir espaço para mais ousadia do Banco Central: o rigor fiscal por parte do governo Federal. Todavia, considerando que as eleições presidenciais do ano que vem já tomam corpo e que a popularidade do presidente Lula está em queda livre, não há como imaginar que os gastos públicos serão cortados, pelo contrário, tendem a aumentar.
Mantidos os juros elevados, com aumento do custo financeiro pelos novos tributos, a economia não prospera, e todos perdem.