Silêncio no Vaticano, o Papa partiu. O Papa Francisco nos deixou. O mundo perde uma voz de paz. Humildade foi sua marca. Um líder simples, uma fé gigante.
Um dia após a comemoração de a Ressurreição de Cristo, fomos acordados com a notícia da morte de Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco. Escolheu nos deixar numa madrugada outonal, quando os raios de sol ensaiavam iluminar a manhã. Pegou a todos de surpresa já que havíamos nos regozijado com notícias de um possível restabelecimento. Todavia, os desígnios de Deus são diferentes dos do homem.
Não era ele mesmo quem nos incitava compreender e não convencer?
Encontrar força na fraqueza? Francisco, com sua simplicidade, uniu corações, conversou com outras religiões. Usou sempre uma catequese desataviada para mostrar a verdade através da simplicidade.
Conta-se que, quando ainda jovem, foi acometido por uma doença inflamatória que comprometeu parte do pulmão, fragilidade esta que o acompanhou pelo resto da vida e acabou roubando-o de nosso convívio. Na mocidade, foi um rapaz igual a todos os outros rapazes. Namorou como os demais e esperava casar-se. À sua eleita, teria dito, "se você não se casar comigo, viro padre." A continuação da história todos conhecem. O mundo pode ter perdido um excelente pai de família, mas ganhou um grande líder.
Na mocidade, amou o futebol, foi torcedor do San Lorenzo e, mesmo durante seu pontificado, continuou fiel ao time de seu coração. Ao se referir ao futebol, afirmava orgulhosamente: "É parte de minha identidade cultural." Recebeu mais de uma vez Maradona durante seu pontificado. E agora, após sua morte, a Itália, em homenagem ao grande líder, suspendeu a rodada do Campeonato Italiano.
Aos 36 anos, já era um líder máximo dos jesuítas na Argentina. Quando decidiu viver para Cristo, já sabia que viver dói, mas, não tergiversou. Era um homem de tolerância, de diálogo. Depois, quando já não era mais Jorge Mario, mas Francisco, lançou reptos contra temas controversos. Ao ser confrontado em numerosas ocasiões, e sobre temas polêmicos, nunca se esquivou de dar resposta simples e convincentes. Como daquela vez ao condenar que "cristãos sejam como coelhos. Não! paternidade responsável!"
O legado de Francisco foi excelso. Francisco foi um homem de Deus, um homem de coragem, de ternura. Agradeçamos a esse legado de abraço aos pobres, de misericórdia: "precisamos perdoar, para sermos perdoados." Defendeu os imigrantes, porque "quem pensa em construir muros, e não pontes, não é verdadeiro cristão." Perdemos uma voz de paz. Para ele, na guerra não há vencedores.
Pedia-nos para rezar por ele, agora somos nós que pedimos: Reze por nós. Partiu o homem, mas fica o legado. O adeus é breve, porém, a memória é eterna.
Fiquem as palavras de Rubem Alves para quem tudo o que é belo tem de morrer. Beleza e morte andam sempre juntas, de mãos dadas. Tudo que é belo tem de terminar. Cada momento de beleza vivido e amado é uma experiência completa destinada à eternidade. Um único momento de beleza e amor justifica a vida inteira. Obrigada, Papa Francisco por tantos momentos de beleza e amor!