BAURU

Papa Francisco foi um grande líder em nome da paz, diz dom Rubens

Por Mateus Ferreira | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Bispo se encontrou com o Papa três vezes
Bispo se encontrou com o Papa três vezes

O Papa Francisco foi o grande líder da atualidade, destaca o bispo de Bauru, dom Rubens Sevilha, que esteve com o pontífice por três vezes. Para ele, a humildade e o pensamento livre também marcaram o papado de Jorge Mario Bergoglio, líder máximo da Igreja Católica por 12 anos e que morreu na manhã desta segunda-feira (21), em Roma.

“Foi um homem com preocupação mundial, não somente internamente com a Igreja. Ele sempre foi muito assertivo em nome da paz. Quando começou a guerra da Ucrânia, no dia seguinte já quis intermediar para ajudar de alguma forma”, relembra o bispo, que enfatiza o amor que o Papa Francisco tinha pela humanidade, inclusive aos imigrantes, atualmente tão atacados.

“O último gesto dele, na Semana Santa agora, no sábado do passado, três dias atrás, foi ir ao cárcere, lá em Roma. Ele não pôde fazer nenhuma celebração da Semana Santa, por causa da saúde, não tinha condições, mas foi visitar os presos. O último ato dele fora do Vaticano foi visitar esse presídio. Um homem extraordinário", comenta dom Rubens Sevilha.

De acordo com ele, líderes de outras religiões o admiravam mundo afora. “Escreveu um documento chamado Fratelli Tutti, que é traduzido todos irmãos. A ideia dele é que somos todos irmãos. Deus é o Pai único e temos, então, que nos ajudar, nos dar as mãos. É assim que deveria funcionar, pelo menos”, diz.

Para o bispo de Bauru, Jorge Mario Bergoglio era um homem de pensamento livre, muito convicto e de muita ternura. “Claro que, internamente, houve certa reação de alguns setores mais tradicionais, o que é que é normal em uma instituição tão grande e tão antiga como a Igreja Católica, com 2 mil anos. Sempre haverá pontos de alguma discordância, divergência etc. Mas ele levava tudo isso com muita leveza, com muito amor e muita coragem”, avalia.

Sem se intimidar e sempre dialogando com o mundo moderno, Papa Francisco era muito autêntico, afirma dom Rubens. Seu primeiro contato com Jorge Mario Bergoglio foi aqui no Brasil, logo ele que foi eleito Papa, na Jornada Mundial, realizada no Rio de Janeiro.

“O Papa era o mesmo na parte pública e privada. Ele era daquele jeito, daquela simplicidade. No almoço, junto com todo mundo, sem muito protocolo. Me tocou essa autenticidade dele. Foi assim também em Roma, na visita ad limina, uma visita oficial ao Papa. E tivemos com ele, em outra ocasião, lá na Santa Casa de Santa Marta, onde ele mora. A mesma coisa, sem esses protocolos”, reitera.

Na ocasião, ele estava muito preocupado com a guerra na Ucrânia, no Oriente Médio. “Foi um homem santo de fato, um homem de Deus”, garante. Sobre o Laudato Si, documento que trata do meio ambiente, dom Rubens acredita que será seguido, independentemente do próximo Papa.

“Essa preocupação com a humanidade é uma preocupação da Igreja, não era do Papa. Se Deus criou o mundo, tudo é dele. Nós temos que cuidar e dar continuidade. E a gente sabe a causa da destruição. A Igreja, necessariamente, tem de falar nesse assunto, independente do Papa. Claro que o modo, o estilo, vai de cada um. E como dizia Bento XVI, que era mais tradicional, não adianta o ar limpo, o rio limpo e o homem poluído. É despoluir tudo. Despoluído em si, nos relacionamentos, na relações entre os países. Despoluído da guerra, do ódio, da rivalidade, da ambição etc. Essa é a ecologia integral”, finaliza dom Rubens, ao tratar, inclusive, o tema (ecologia integral) que balizou a Campanha da Fraternidade deste ano.

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