
Cinco ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram retiradas de circulação em Bauru e desfalcam os resgates emergenciais do município até segunda ordem. Os veículos eram alugados em contrato que terminou em 8 de março sem que houvesse, imediatamente, nova licitação aberta.
A administração foi comunicada pela empresa de que não haveria na renovação do contrato ainda em novembro do ano passado. A licitação para alugar novos veículos, contudo, só foi publicada 25 de março deste ano.
Em nota, o governo afirmou que o atraso se deu em razão "dos trâmites burocráticos e da dedicação exclusiva de alguns setores, como o financeiro, para o balanço anual durante o mês de dezembro". O pregão seria realizado nesta quarta-feira (9), mas acabou suspenso ante uma impugnação e só deve ser retomado no final de abril, no dia 28.
Segundo a prefeitura, cada ambulância realiza em média 6 a 10 atendimentos a cada 12 horas, a depender da região em que atua. Se o pregão fosse concluído nesta quarta, e considerando o prazo de 30 dias para recurso contra o vencedor da licitação, seriam 37 dias com déficit de 12 a 20 atendimentos por dia entre 3 de abril e 9 de maio.
Multiplicados pela quantidade de ambulâncias, são entre 2.200 a 3.700 resgates em potencial que deixaram de ser efetuados. Em nota, o governo garante que não houve impacto nenhum ao Samu até o momento.
"A equipe conseguiu resolver todos os problemas com as ambulâncias que estavam disponíveis, acelerando a manutenção corretiva de algumas para que a população não fosse prejudicada", afirmou a administração.
As cinco viaturas alugadas até março começaram a ser retiradas de circulação ainda naquele mês, quando dois dos veículos foram levados. Os outros três foram recolhidos pela empresa no início de abril. Desta vez, destaca a prefeitura, o novo contrato prevê a locação de seis veículos.
Suspensão
Segundo o edital, o valor previsto ao aluguel das ambulâncias soma R$ 1.866.240,00. O pregão seria aberto às 9h desta quarta. Acabou suspenso 10 minutos antes, às 8h50.
Em nota enviada ao JC, a Saúde afirma que o trâmite é comum nas licitações, "uma vez que os licitantes têm a oportunidade de fazer pedidos de esclarecimentos ou impugnar o edital, de pontos que, na sua visão, estão em desacordo. Desta forma, a Divisão de Compras e Licitações da Secretaria de Saúde, avalia se cabe ou não as retificações sugeridas".
O JC recebeu queixas em 19 de março de uma servidora preocupada com o impacto do déficit no número de veículos sobre os atendimentos. No mesmo dia a reportagem pediu esclarecimentos sobre o caso ao Executivo. A resposta completa, após questionamentos adicionais, veio somente na tarde da última segunda-feira (7).
Caso em Pederneiras
Em 6 de março, antes de os veículos serem retirados, um adolescente de 16 anos morreu em Pederneiras (26 quilômetros de Bauru) após a mãe solicitar o Samu e ser informada de que não haviam viaturas disponíveis. Conforme o JC noticiou na época, o vice-prefeito de Pederneiras, Joãozinho da Farmácia, usou suas redes sociais para demonstrar indignação com o caso.
"Sobre a questão ocorrida em Pederneiras, a Diretoria Técnica da Divisão do Samu Bauru já manteve tratativas com a prefeita Ivana Camarinha, para os devidos ajustes na regulação. Vale ressaltar que cada município é responsável por manter suas viaturas, compartilhando apenas a mesma central de regulação médica de Bauru. Desta forma, os municípios ligam para a regulação em Bauru e os médicos decidem se é um caso que deve ser atendido pelo Samu ou não", informa o Executivo bauruense.