Os agentes dos Serviços Públicos, geralmente as prefeituras, de tempos a esta parte passaram a praticar o empobrecimento salarial dos servidores e consequentemente uma fuga da responsabilidade direta que têm frente aos inúmeros serviços públicos firmados na Constituição, tais como saúde, educação, assistência social, serviços de saneamento, segurança, etc. Essa estratégia administrativa, quase sempre, visa privatizar (o verbo correto é vender), ou seja, entregar para o particular o serviço constitucional que lhes compete.
O filósofo norte-americano Noam Chomsky, do alto da sua sabedoria, afirmou: "Essa é a técnica padrão da privatização: cortar o dinheiro dos serviços essenciais, achatar o salário dos funcionários e certificar que as coisas não funcionam para que as pessoas fiquem zangadas e reivindiquem entregar ao capital privado".
Grande parte dos prefeitos, governadores e até presidentes durante as campanhas, falam em administrar a coisa pública, porém, dias após a posse querem se desfazer do bem público agindo como "corretores de negócios da coisa pública" sem cerimônia e, muito menos, respeito às riquezas amealhadas com o sacrifício da população.
O quadro de funcionários e seus salários são as primeiras vítimas do "administrador", na sequência abusam da Lei Maior no que se refere à saúde e à educação. No apagar das luzes do ano, como não investiram o que deveriam, correm ao "mercado" gastando dezenas de milhões de reais na compra de imóveis sem nenhum critério ou estudo, apenas para cumprir a exigência constitucional.
O prefeito Nuno de Assis, médico, político experiente, por três vezes prefeito da pequena Avaí durante o Estado Novo da Era Vargas (década de 1930) e no início dos anos 1950 eleito prefeito de Bauru, tendo repetido a dose em meados dos anos de 1960. Portanto, experiência administrativa não lhe faltava. No seu segundo mandato na Sem Limites, o doutor Nuno entendeu ser necessário um Plano Viário para enfrentar o rápido crescimento da cidade.
Bem relacionado na esfera estadual, conseguiu junto a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU/USP), em São Paulo, que o prof. dr. (João Batista) Vilanova Artigas, ícone da área em questão, viesse até Bauru para um estudo da planta urbana do município.
Assim, o prof. Artigas veio e trouxe consigo um grupo de alunos para ajudá-lo no árduo mister. Dentre os alunos estava o bauruense Jurandyr Bueno Filho que, tempos depois, convidado pelo sucessor do dr. Nuno, o prefeito Alcides Franciscato, se dispôs a detalhar as sugestões do mestre Artigas.
Jurandyr Filho, já arquiteto e urbanista formado na FAU/USP, aluno aplicado de Artigas, com a autorização do prefeito Franciscato, criou o Escritório Técnico que veio a funcionar ao lado do Gabinete do prefeito, passando a responder pela esmagadora maioria dos projetos municipais.
Para tanto, Jurandyr recrutou dentre os funcionários municipais os que desempenhavam funções semelhantes em locais distintos da Administração. Assim, o Escritório Técnico com Jurandyr à frente passou a contar com Adelmo Bertussi, Delmar Baptista, Gerson de Almeida e Ademir Brunhelli, para responder por todos os projetos viários, bem como edifícios das áreas da saúde, educação e assistência social a serem implantados no período Franciscato e depois Coube e Sbeghen. O Escritório Técnico economizou milhões em projetos para o município.
Hoje os "administradores" contratam projetos cujos valores alcançam milhões de reais e muitos nem são executados. Um desperdício que começa com a péssima remuneração dos funcionários visando enfraquecer a máquina pública, quem sabe, para facilitar a "privatização" de projetos e serviços, alguns sem o devido instrumento da "concorrência pública". Noan Chomsky tem razão...
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) e da União (TCU), bem como o Judiciário Estadual e o Federal, vivem assoberbados de trabalho e nem sempre conseguem acompanhar as estripulias financeiras de certos "administradores" que mesmo tendo 250 milhões de Reais em "caixa", dinheiro amealhado tostão por tostão através das contas de água dos munícipes, mesmo assim, não conseguem completar um serviço iniciado há uma década, preferindo entregar para um "felizardo", num "imbróglio" de 3,5 (três e meio) bilhões de Reais, quase duas vezes o orçamento do município, por 30 anos, a finalização da Estação de Tratamento de Esgoto, bem como outros serviços que ninguém sabe ao certo...
A comunidade merece maiores informações e explicações. O Poder Legislativo Municipal parece ter desistido da missão. Sendo assim, resta ao Judiciário ou aos tribunais de Contas encontrar espaço nas suas tarefas para socorrer os bauruenses. A esperança é a última...