OPINIÃO

Adolescência: bullying e violência

Por Wellington Anselmo Martins - graduado em Pedagogia, pela Unisagrado |
| Tempo de leitura: 2 min

A minissérie britânica "Adolescência" (Netflix, 2025), criada por Stephen Graham e outros, aborda de modo realista o duro cotidiano de muitos adolescentes no Brasil e no mundo. Para inúmeros jovens alunos, é comum a linguagem da ridicularização, perseguição, ameaças e violência. Há agravantes, hoje, com as redes sociais, mas o bullying é um problema antigo. Assim como também são arcaicas várias outras formas de violência, como a violência especificamente contra mulheres, que é o crime principal tratado na nova série.

Em um dos episódios, o ambiente escolar é apresentado do modo mais violento possível, com naturalização de ofensas, intimidação, piadas constantes, agressões, etc. A escola de "Adolescência" - e, infelizmente, muitas das nossas escolas reais - é um lugar barulhento, muito estressante, com professores e outros profissionais tendo muita dificuldade para administrar.

Em vários momentos, mesmo com a presença da polícia no local, parece que os adolescentes dominam a escola e praticam flagrantemente bullying e outras violências à vontade.

Esse problema das escolas não seria tão grave se os alunos, ao concluirem os estudos básicos e completar dezoito anos, magicamente abandonassem a formação violenta que receberam. Mas o que acontece é que a linguagem do bullying adolescente pode se tornar a gramática comportamental do adulto que, então, imagina que o assédio moral no mundo do trabalho e na internet, por exemplo, são falas e atitudes aceitáveis do ponto de vista ético e legal.

Muitos dos profissionais que agora agem de modo antiético, praticando assédio moral e outras formas de violência, dentro e fora das empresas, dentro e fora da internet, são adultos que receberam longa formação em ambientes de desrespeito e hostilidade nas próprias escolas, nas famílias, nas redes sociais, etc., desde a infância.

Por isso, se queremos, enquanto sociedade, realmente diminuir os efeitos do ódio, da violência, dos assédios e crimes diversos, precisamos atacar o problema na sua raiz.

Precisamos que as escolas, em vez de serem locais de bullying e naturalização da opressão, sejam espaços privilegiados de amor e desenvolvimento humano e cultural; que as famílias ensinem a linguagem do carinho a seus filhos e o valor da tolerância para todos; que a internet seja usada para promover o diálogo, o trabalho e o lazer, e não discursos de ódio contra mulheres ou contra quaisquer outras pessoas.

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