OPINIÃO

Pirataria cultural e tecnológica

Por Adilson Roberto Gonçalves | O autor é pesquisador na Unesp – Rio Claro
| Tempo de leitura: 1 min

Recentemente, a representante do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), Isabel Amorim, trouxe à discussão a questão do pagamento do direito autoral na área cultura, o que leva a outras reflexões. Ninguém nega o novo mundo que a chamada inteligência artificial (IA) está revelando - preocupação atual na cultura -, mas a defesa do interesse econômico por trás da questão precisa ser vista por outros lados também.

O artista vive de sua obra, isso é fato. Mas sabemos que, na indústria cultural, uma fração pequena do que é auferido vai para ele, pois há uma cadeia enorme de "empresários" que se beneficiam de sua produção artística e intelectual. O uso da IA é semelhante à pirataria, mas só é pirateado o que é caro. Se fosse devidamente barato e acessível, não valeria a pena e o risco. O alarde parece semelhante ao tempo do surgimento do MP3.

No setor industrial e tecnológico, a discussão é semelhante, pois o industrial brasileiro não arrisca na inovação, preferindo pagar royalties pelo que é desenvolvido alhures (abrindo brechas para piratarias), ou somente investe quando o governo entra com a maior parte. Também por esses dias, a ministra atual e ex-ocupantes da pasta da Ciência, Tecnologia e Inovação subscreveram um artigo em sua defesa, totalmente necessário, mas omisso em relação à falta de investimento privado no setor.

Não vemos uma empresa média possuir programa para contratar um doutor, por exemplo. Assim, caminhamos em sobrevivência, não em desenvolvimento, tanto cultural quanto científico e tecnológico. E olha que temos excelentes e enormes projetos em curso, começando com o de biocombustíveis, único no mundo com tal porte e sustentabilidade, e uma riqueza cultural talvez inexistente em outro país.

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