REGIONAL

Toque de sinos em igreja gera polêmica em Agudos

Por Lilian Grasiela | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Rinaldo Mazon Andrucioli
Paróquia Santo Antônio de Agudos
Paróquia Santo Antônio de Agudos

O retorno recente do toque de sinos na Paróquia Santo Antônio, no Centro de Agudos (13 quilômetros de Bauru), por meio de sistema de som, está gerando polêmica na cidade e dividindo os moradores. Enquanto uns defendem a iniciativa, outros reclamam da frequência e volume do som. Ao menos quatro boletins de ocorrência foram registrados recentemente na delegacia por perturbação do sossego e o caso também já chegou ao Ministério Público (MP).

Uma vizinha da igreja, que pediu para ter a identidade preservada, argumentou que tentou, por três vezes, solucionar o problema da perturbação do sossego de forma amigável junto à paróquia e à Diocese de Bauru, mas sem sucesso. Segundo ela, o volume do som é, em média, de 70 decibéis. "Quando esgotou a abertura para sermos ouvidos, recorremos à Justiça", diz.

"Nossa intenção nunca foi silenciar o sino. Nós pedimos que o toque da corneta eletrônica seja feito nos horários dos atos religiosos, ou seja, antes de cada missa, às 12h, para a oração do dia, e às 18h, para a Ave Maria, e num volume que seja aceitável". De acordo com a mulher, no dia 20, o padre assumiu o compromisso de reduzir o volume, mas voltou a subir no domingo.

Outra vizinha da igreja, que também não quis se identificar, alega que o filho não consegue trabalhar em razão do barulho e que um sobrinho, com transtorno do espectro autista, sofre com a frequência e o volume do som dos sinos. "Ninguém quer tirar o sino. Nós só queremos que abaixe o volume do sino para os decibéis que são impostos pela lei. Nós só queremos a lei", ressalta.

Já o jornalista Rinaldo Mazon Andrucioli é um dos que defendem a iniciativa."O sino é a voz da igreja", diz. "O barulho dos carros com som alto não atrapalha? O barulho da festa do peão não atrapalha? O Carnaval não atrapalha? Quem é contra que coloque um fone de ouvido. Grande parte da população quer o sino tocando. Tenho recebido até pessoas de outras religiões que são favoráveis".

Tradição

O pároco da igreja, padre Felipe Gomes Ferreira, que já prestou esclarecimentos à Polícia Civil, conta que o retorno do badalar dos sinos, por meio de sistema de som, ocorreu em 23 de fevereiro, após cerca de dez anos de tradição interrompida, como parte das celebrações do aniversário de 25 anos da paróquia.

"Nós tivemos a ideia de resgatar o toque dos sinos, que é algo que já acontecia na paróquia há muitos anos atrás, mas, devido a alguns problemas técnicos, parou de funcionar por muito tempo", explica. "Não é nenhuma novidade. É algo que já acontecia, já é uma tradição da cidade e também da região".

Os sinos, segundo o pároco, estavam sendo tocados a cada meia hora, e antes das celebrações. "Alguns vizinhos mais próximos da igreja acabaram se incomodando", diz. Após os boletins de ocorrência, o padre conta que, visando minimizar efeitos negativos da reativação dos sons, adotou algumas ações.

"Nós diminuímos não só a quantidade de toques como também o volume e a duração deles durante o dia. Antes, eles se iniciavam às 6h e nós passamos para começar a tocar às 7h. E agora eles vão até as 20h. Antes, eles iam até as 22h", revela. O intervalo entre os toques aumentou para uma hora e eles também ocorrem meia hora antes das celebrações.

"É claro que a gente tem também que respeitar a legislação e, se as pessoas se sentiram incomodadas, elas têm o direito de reclamar. E em vista dessa reclamação, e atendendo a legislação federal, a gente propôs a redução do toque dos sinos, da frequência e do volume, para tentar minimizar o impacto negativo", afirma.

Apuração

Em nota, o MP informou que, por meio de notícia de fato, apura reclamação de moradores vizinhos quanto a perturbação gerada pelo barulho excessivo do sistema de som da Igreja Santo Antônio, que funcionaria, de acordo com reclamantes, das 6h até as 22h30, em intervalos de 30 minutos, inclusive aos finais de semana.

"Foi expedido ofício ao responsável pela igreja para que preste esclarecimentos acerca do uso do sistema de som. O ofício ainda está dentro do prazo concedido para resposta", explica.

Já a Polícia Civil esclareceu que está conversando com as partes para tentar solucionar a situação antes da adoção das medidas cabíveis na esfera criminal.

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