OPINIÃO

Cleide Biancardi (1942-2025)

Por Adalberto da S. Retto Jr. |
| Tempo de leitura: 2 min

Volta e meia penso que mestres, que a vida e a sorte nos fizeram encontrar, têm características em comum com nossos pais: acreditamos que sejam imortais e que o Destino jamais deveria cortar o fio de sua existência. De forma inesperada e triste, recebi a notícia do falecimento da Professora Cleide Biancardi, docente aposentada do Departamento de Artes da Unesp - Campus de Bauru, e uma das primeiras diretoras da Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design.

Graduada em Desenho, Plástica e Educação Artística pela Fundação Educacional de Bauru (1971-1976), Cleide era Mestre e Doutora em Artes pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP, 1981-1989). Fez pós-doutorado em Portugal (1990) como pesquisadora e bolsista da Fundação Calouste Gulbenkian.

Como docente, lecionou disciplinas nas áreas de Estética e História da Arte, História do Design, História da Arte e da Arquitetura no Brasil, tanto na graduação como na pós-graduação da FAAC. Sua produção científica, apresentada em congressos nacionais e internacionais, explorou, sobretudo, temas da Arte Sacra Luso-Brasileira (séculos XVII e XVIII).

Na área administrativa acadêmica exerceu funções de Chefe de Departamento, Coordenadora de Curso de Graduação e Diretora da Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design, de membro do Conselho Universitário da Unesp, do Conselho Curador da Vunesp e do Conselho Superior do CRTV da Unesp/Bauru. Foi também curadora de relevantes exposições na Pinacoteca Municipal de Bauru.

Além dos conhecimentos transmitidos aos alunos, das realizações como administradora, coordenadora e diretora, de sua produção e ensinamentos destacam-se uma elevada visão da Universidade e um alto senso de dever e rigor nos estudos. Com a atividade científica, a professora Cleide combinou a curiosidade e a paixão pelo seu métier.

Há cerca de um ano, tive a oportunidade de abraçá-la e agradecer-lhe, pessoalmente, por sua importância na consolidação da minha trajetória na Unesp-Bauru. Apesar de alguns problemas de saúde, tal encontro/homenagem foi um dia especial, como ela mesmo expressou ao enviar a foto desse encontro à sua neta, então na Bélgica. Dizia ela: "Foi um dia muito emocionante, pois há tempos não me sentia tão valorizada".

O que sempre me impressionou desde o início, quando tive contato com a então diretora, foi sua afabilidade e generosidade intelectual, mas, acima de tudo, o rigor e a elegância de seu toque humano.

Sua partida é uma grande perda para aqueles que tem consciência de História. E a Professora Cleide tinha um profundo senso de História e também da ciência da vida.

Agradeço imensamente à Mariel Ruivo Biancardi, neta da profa. Cleide, o envio no dia de sua partida, da foto com as palavras mencionadas acima.

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