
O cantor Robbie Williams não é afeito a subterfúgios. Ao ser questionado sobre por que lançou um filme biográfico, o britânico vai direto ao ponto. "Gostaria de dizer que havia uma razão altruísta para fazer esse projeto. Gostaria de dizer que decidi fazê-lo para vencer os demônios do passado, para me curar e expor meus traumas e minha redenção. Mas não é nada disso", diz o cantor, em entrevista por videochamada. "Trata-se de uma tentativa cínica de prolongar a minha carreira."
Essa franqueza quase autodestrutiva permeia "Better Man", cinebiografia do artista que está nos cinemas, inclusive de Bauru. "Eu já fui chamado de muitas coisas. Narcista, irritante e idiota", diz o cantor, em uma locução nos primeiros minutos do longa. "Mas, apesar de eu ser todas essas coisas, eu quero mostrar a vocês como eu realmente me vejo." A partir daí, a trajetória de Williams começa a se desenrolar na tela, da infância turbulenta na cidade inglesa de Stoke-on-Trent, passando pelos anos de ascensão na boy band Take That até chegar à consagração como artista solo.
Esses momentos são entremeados por números musicais com os principais hits do cantor, como "Feel", "Rock DJ" e "Angels". Dirigido por Michael Gracey, o filme se soma a uma onda de produções que retratam os altos e baixos da carreira de astros da música. Um elemento, porém, faz com que "Better Man" destoe dessa leva de filmes. Na produção, Williams é representado não por uma figura humana, mas sim por um macaco. De acordo com o cantor, a ideia surgiu após o diretor do projeto perguntar que animal o cantor seria. "Aí ele propôs que todo mundo no filme fosse humano e apenas o meu personagem fosse um macaco, feito por CGI. Antes de ele terminar a frase, eu já estava convencido", afirma Williams, que passou várias fases da vida se sentido deslocado.