Ela atinge nove em cada dez mulheres, independentemente de forma física ou percentual de gordura. E mesmo sendo uma condição estética praticamente onipresente, até a mulher mais satisfeita com seu corpo diria que preferia não ter celulite. Esse desejo se torna mais intenso no verão, quando pernas e bumbuns ficam mais à mostra. Mas será que é possível reduzir a celulite em pouco tempo?
"Não dá para acabar com a celulite em poucos dias, mas algumas ações certamente já ajudam a melhorar o aspecto", diz a dermatologista Paola Pomerantzeff, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.
A celulite - ou lipodistrofia ginoide - não é doença, mas uma manifestação caracterizada pelo acúmulo de gordura sob a pele, o que confere o incômodo aspecto de casca de laranja. Embora seja associada ao corpo da mulher, a celulite não é uma questão exclusivamente feminina. Ela pode também acometer os homens, mas em proporção infinitamente menor.
Anatomicamente e fisiologicamente, o corpo feminino é mais favorável à celulite. A disfunção é mediada pelos hormônios, particularmente os estrógenos.
As mulheres têm receptores para esses hormônios no glúteo, na região posterior de coxa e no abdômen.
Daí a "preferência" das imperfeições por esses locais, explica o dermatologista Abdo Salomão Junior, da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da American Academy of Dermatology.
Outros fatores que contribuem para o aparecimento da condição são hereditariedade, má alimentação, sedentarismo, uso de pílula anticoncepcional e tensão emocional.
O tipo de tratamento varia de acordo com o grau das imperfeições. No grau I, ondulações e furinhos aparecem apenas quando a pele é comprimida.
No grau II, as imperfeições são percebidas sem a necessidade de compressão. O grau III é marcado por nódulos claramente perceptíveis.
E no grau 4, além dos nódulos, há inchaço, dor, comprometimento da circulação sanguínea de retorno e pele com aspecto de acolchoado.
Dicas para curto, médio e longo prazo
Corrida contra o tempo
Mas o que fazer para melhorar a celulite em semanas? Especialistas são categóricos em dizer que é preciso combinar mudanças no estilo de vida com tratamentos estéticos. "Cuidar dos hábitos de vida, em especial da alimentação, é fundamental. É preciso tomar muita água, evitar carboidrato, em especial farinha branca, gordura saturada, excesso de sal e açúcar e álcool, principalmente cerveja", diz Abdo. A prática de atividade física aeróbica e de resistência também é fundamental. "A musculação aumenta a massa magra, o que ajuda a diminuir a celulite", diz Pomerantzeff.
Procedimentos
As alterações de estilo de vida são indicadas para todos os tipos de celulite. Mas os procedimentos estéticos mudam de acordo com o grau. Por exemplo, em graus leves, I e II, pode-se usar aparelhos de radiofrequência, radiação infravermelha e ultrassom, que atuam aquecendo as camadas profundas da derme, reorganizando ou aumentando a formação de colágeno. Outra opção é o campo eletromagnético, que potencializa o ganho de músculo e a perda de gordura. Já os graus mais avançados respondem melhor a procedimentos como a subcisão e o bioestimulador de colágeno. Ou melhor, à combinação dos dois, segundo Pomerantzeff. A subcisão apresenta resultados mais duradouros e é indicada para casos graves. Com uma agulha específica, o médico faz movimentos pendulares que rompem os septos e melhoram a retração cutânea. O bioestimulador de colágeno estimula a produção de colágeno no tecido conjuntivo no subcutâneo.
Cremes
Produtos tópicos atuam na aparência da pele e podem até amenizar a aparência da celulite momentaneamente, mas eles não chegam nem perto de atuar na causa do problema e ter um efeito duradouro. A maioria dos cremes anticelulite tem uma base termogênica. Ou seja, esquentam o local em que são aplicados. Isso aumenta a tensão superficial da pele e mascara temporariamente a celulite. Por isso, podem ser uma boa pedida para pessoas com celulite grau I e II.
Massagem
A má circulação linfática do tecido gorduroso está diretamente associada à celulite. Por isso, a drenagem linfática - massagem que aumenta o volume e a velocidade de transporte da linfa (excesso de fluidos de tecidos e órgãos) - é uma das armas contra as ondulações. Entretanto, a solução não é definitiva. Especialistas ressaltam que, para ter resultados mais duradouros, o fundamental é manter essas medidas, em especial o que diz respeito a estilo de vida, a longo prazo.