OPINIÃO

Conviver com o diferente

Por Fabiana Rosa | A autora é colaboradora de Opinião
| Tempo de leitura: 2 min

Talvez, por efeitos da Lei de compensação amalgamado ao, ainda pouco estudado e falado, fenômeno da hiperempatia, as pessoas com autismo possuem predisposição a reagir aos estímulos sensoriais causados pelo contato com a energia emanada por uma pessoa ou grupo ou ambiente e, isso, nada mais é do que mais um meio para se comunicar e existir neste mundo.

Em tempo: em um estádio de futebol, sente-se a energia, o calor da torcida, numa resposta mal educada dada por uma pessoa mal-humorada, sente-se a energia o mau humor da pessoa. De alguma maneira, ainda não completamente elucidada pela ciência e, através dos mecanismos acima citados - Lei da compensação e hiperempatia - as pessoas com autismo potencializam tais percepções o que desencadeia nelas, de acordo com a natureza das energias percebidas (positiva ou negativa), crises ou momentos de calmaria.

Faça o teste você mesmo: emane, fale, faça coisas, modifique o ambiente através de conversas, filmes, músicas (positivas ou negativas) perto de pessoas com autismo - de qualquer nível de suporte, verbais e não verbais - e veja como elas reagirão ao seu comportamento ou estado de espírito ou ao que está afetando o ambiente (conversas, filmes, músicas). Tenha paciência para observar a reação, pois o tempo de processamento de informações nessas pessoas é diferente e pode demorar um pouco a acontecer uma resposta, mas esta, sempre acontece: por meio de crises, por meio de risos, através de toques, stims, através de abraços...

Neste sentido, conviver com pessoas com autismo - e com o incômodo que a presença delas causa em algumas pessoas consideradas "normais é um convite a autorreflexão, ao autoconhecimento e à reforma íntima. Não se trata de adaptar o todo à pessoa com autismo, se trata de, através do conhecimento, autoconhecimento e reforma íntima, aceitar o convite que tal convivência nos faz a caminho da evolução consciencial, buscando o caminho do meio, onde haja aceitação e respeito entre todos os envolvidos - pessoas com e sem autismo - até que alcancemos o ponto onde existirão apenas pessoas: sem CIDs, sem rótulos, apenas pessoas diferentes entre si que existem no mesmo mundo, que convivem, que colaboram (dentro de suas habilidades e possibilidades) umas com os outras, em espírito de fraternidade.

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