
A Unesco da ONU sempre orientou a educar para a vida, reproduzindo-se os modelos e ambientes da sociedade, incluindo-se o trabalho. Uma pergunta é inevitável: a vida fora da escola é com ou sem celular? O celular é um computador e cortar o uso em aula pode ser um retrocesso incrível.
Deveríamos formar e conscientizar os professores e alunos para viver esta realidade e não simplesmente proibir. É isto que acontece com o vício de fumar, beber e com as drogas: somos conscientizados pela escola, família e sociedade! O excesso de telas não envolve só a escola!
Os professores não se sentem confortáveis porque seus modelos de ensino não têm celulares como ferramenta de aprendizado. Fica um descompasso intergeracional: o lado dos alunos que sabe trabalhar com celulares e o outro, dos professores, que não foi treinado para isto.
Os professores deveriam receber o melhor celular do mercado para usá-lo como ferramenta de trabalho na sala de aula e fora dela. Como isto não acontece, contribui-se para a falta de bons professores. Os professores deveriam ser os mais atualizados tecnologicamente para tratar com as novas gerações de todas as profissões.
E na vida?
Em casa tem celular, redes sociais, televisão, livros e revistas, além de músicas, ligações e comentários de terceiros. Em aula deve-se reproduzir o que se faz em todos os lugares: duas ou três coisas ao mesmo tempo.
No emprego é assim: celular, e-mail, vídeo, música e digitação e televisão ligada. Na academia com exercícios, se conversa com personal, música, vídeo, celular e mensagens.
Trancar os alunos, isolá-los do mundo, impedir o celular, e-mails, internet, músicas e conversa com o amigo ao lado, até parece cárcere privado! Isto poderia ser negociado e conscientizado em sala.
Na escola deve-se reproduzir o que se passa na vida. O professor na sala não precisa ser o centro de tudo, e sim um ator da situação, um participante criativo, cuja atividade chame a atenção dos alunos. Pode-se impedir o celular, mas a cabeça do aluno vai viajar, sem qualquer controle.
Nas aulas, as atividades devem ser inquietadoras, desafiantes, ativas, de busca, raciocínio e análise. Conteúdo e informações se tem em qualquer lugar disponíveis e gratuitos. Os alunos devem aprender a resgatar e interpretá-las. Devem aplicar o conhecimento resgatado e analisado, deve questionar o conteúdo e discutí-lo é fundamental.
O uso passivo do quadro e da projeção já era! O professor e sua postura tem que ser mais interessante que o celular, internet e o amigo do lado. Se o professor for bom, o aluno sabe que o celular, internet e amigo do lado estarão disponíveis em outros momentos e o professor, não! Então irá priorizar suas orientações! Reprimir o uso das novas tecnologias e o viço dos novos comportamentos é impossível, inútil e improdutivo.
E avaliar?
Trancafiar os alunos na sala e aplicar perguntas de memorização é loucura, um atraso! Deixe a memória e decoreba para computadores, celulares e tablets. Faça perguntas individuais de raciocínio, exija busca e análise de conteúdo. Permita-se ser confrontado.
Deixem manipular os bancos de dados, livros, bibliotecas, deixem interagir com colegas, professores e sites e que imitem a vida. Nas provas, induzam o uso do celular, tablets, computadores, como na vida, imitem-na!
Se o profissional formado precisar de algo ou ter dificuldade, vai buscar, resgatar, analisar e interagir com o mundo para resolver. Ele não vai usar só memória para isto, ele não vai se isolar, ele vai interagir e compartilhar para resolver.
Dê ao aluno 24 horas para resolver, se alguém ajudar estará aprendendo também, se pediu ajuda está sendo humilde ou esperto: médicos, engenheiros e todos os profissionais fazem assim quando precisam.
Ah! Mas aí as avaliações terão que ser individuais? Claro, cada ser humano tem seu próprio universo! Os acomodados dirão - Mas dá trabalho .... Eu não quero mudar ...Isso não dá certo ... No meu tempo ... Os talibãs também proíbem o uso do celular e internet.