EM BAURU

Câmara aprova PL que reestrutura cobranças de dívidas municipais

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Guilherme Matos
Aprovação do projeto era demanda da Associação de Procuradores Jurídicos do Município de Bauru, hoje presidida pelo procurador Idomeu Oliveira (foto)
Aprovação do projeto era demanda da Associação de Procuradores Jurídicos do Município de Bauru, hoje presidida pelo procurador Idomeu Oliveira (foto)

A Câmara Municipal de Bauru aprovou nesta segunda-feira (9) um projeto de lei (PL) que avança e dá mais segurança jurídica à Procuradoria da prefeitura. Não votou, porém, um segundo PL - que entrava no mérito da estrutura de pessoal da advocacia municipal e era considerado insatisfatório até pela própria categoria.

O texto aprovado nesta segunda traz mudanças na cobrança de débitos inscritos em dívida ativa e institui, entre outras coisas, a cobrança extrajudicial - com a diferença de que esta será efetuada pela Procuradoria Fiscal, agora enfim regulamentada.

Antes, a própria Secretaria de Finanças inscrevia em dívida ativa e buscava cobrá-la junto ao contribuinte. Só então, depois de infrutífera a cobrança, é que o débito era encaminhado à advocacia do município, que buscava arrecadar os valores judicialmente.

O procedimento causava insegurança à Procuradoria, que já recebeu, por exemplo, débitos já prescritos ou em vias de caducar. Também havia queixas de pouco controle sobre a cobrança, já que não havia um órgão que centralizasse todos os débitos inscritos em dívida ativa.

No início do ano, o JC mostrou que a Prefeitura viu prescrever e deixou de arrecadar R$ 95 milhões em dívidas nos últimos seis anos, de 2017 a 2022. O valor exato soma R$ 95.341.391,00. A maior parte envolve juros moratórios - se retirados, o montante cai para R$ 24.401.083.

A prefeitura argumenta que a maior parte das prescrições é intercorrente (ocorre no curso da ação judicial). Ao delegar a cobrança em dívida ativa à Procuradoria desde o início, porém, a avaliação é de que a administração pode ter mais previsibilidade nos valores a receber.

Isso não significa um esvaziamento na Secretaria de Finanças, que continua credenciada a cobrar débitos atrasados desde que não estejam inscritos em dívida ativa - a partir deste momento a tarefa passa à Procuradoria Fiscal.

"Dessa forma, com o envio imediato da certidão de dívida ativa para a Secretaria Municipal dos Negócios Jurídicos, a Procuradoria da Execução Fiscal poderá realizar não apenas o controle de legalidade da inscrição em divida ativa, mas também a própria cobrança administrativa", justificou o governo no PL.

"O presente projeto traz diversos instrumentos para essa finalidade, primando pela cobrança amigável da dívida ativa e pela facilitação da regularização dos devedores do Fisco municipal", acrescenta. Nesse sentido, a cobrança extrajudicial vem com incentivo aos procuradores, que receberão honorários a partir de eventual quitação ou formalização de acordo.

A medida vem na esteira de iniciativas do governo para evitar abarrotar o Poder Judiciário com ações para cobrar valores baixos. Neste ano, por exemplo, já emplacou um projeto que instituiu valor mínimo para ser cobrado na Justiça.

Arquivo

Apesar de aprovar o primeiro, a Casa não votou um segundo projeto que, por sua vez, mexeria nas atribuições dos procuradores.

A avaliação da categoria é de que o texto é genérico e não atende a maior parte das demandas dos advogados do município. A principal delas envolve autonomia e a desvinculação da Procuradoria da Secretaria de Negócios Jurídicos (SNJ).

O projeto ainda não passou por todas as comissões permanentes da Casa. Neste caso, vereadores poderiam liberar ou não o projeto nesta segunda - para o vereador Pastor Bira (Podemos), porém, ainda faltam informações sobre o texto. Ele pediu vistas (mais prazo para análise).

Comentários

Comentários