O fiasco eleitoral que Bauru enfrentou em 2022, quando não elegeu representantes nem na esfera estadual nem na federal, precisa mudar na disputa eleitoral que já se avizinha em 2026. Essa é a opinião unânime de quem discute e se preocupa com a representação política de Bauru.
Mas isso não é nada simples e implica uma construção coletiva, que deve surgir dos próprios partidos, avaliam presidentes de entidades com os quais o JC conversou, em busca de nomes consensuais e viáveis a fim de evitar a votação pulverizada.
O único deputado eleito há dois anos e cujo domicílio eleitoral é bauruense foi Capitão Augusto (PL) - que, porém, tem uma atuação mais abrangente, com foco em várias regiões do Estado. Seu reduto eleitoral, afinal, está nas forças de segurança.
Em Bauru propriamente dita, enquanto isso, sua votação não equivaleu a 10% do total.
O maior desafio - responsabilidade que recai sobre as legendas partidárias - é definir quem serão os candidatos. Em 2022 nada menos que 36 pessoas se candidataram a uma vaga à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) ou à Câmara dos Deputados, em Brasília.
"Esse é um trabalho político, dos próprios partidos políticos, aos quais cabe indicar candidatos que tenham amor por Bauru e efetivamente representem a cidade. Hoje temos políticos que representam Bauru por aproximação. Precisamos de algo maior", afirma Walace Sampaio, presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sincomercio).
A presença apenas desses "deputados por aproximação", ao fim e ao cabo, prejudica o município, avalia o presidente do Sincomercio. "Você não tem interlocução ou representação direta para quem possa se dirigir quando há determinada demanda", explica.
Para Walace, o planejamento partidário deve também ser estruturado a fim de evitar a pulverização dos votos. "É preciso lançar gente com condição de se eleger. Do contrário permaneceremos na mesma. Acabamos pegando carona em deputados eleitos pela região, o que é ruim", pontua.
Entendimento semelhante tem Gino Paulucci Júnior, diretor da regional Bauru do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). "Bauru tem ficado para trás em questão de crescimento há um bom tempo. E isso vem justamente pela falta de representatividade", avalia.
Gino também vê nos partidos a responsabilidade sobre o planejamento para 2026 - mas está mais pessimista. "Precisamos ter representatividade. Mas eu, pessoalmente, não acredito que isso vá acontecer", lamenta.
Para ele, Bauru tem a mesma carência de liderança que enfrentava em 2022 - não é apenas uma questão de quantos candidatos a cidade vai lançar, mas sim quem estará no pleito. Há dois anos ele já apontava para isso: "Poderíamos ter 40 candidatos. Houvesse uma liderança, ela seria eleita mesmo diante da concorrência", disse ao JC em outubro daquele ano.
Hoje a situação permanece a mesma, afirma. "Todo mundo fala para lançar um nome de consenso. Mas todo mundo quer ser esse nome", critica.
Isso indica, na avaliação do presidente da Associação Comercial e Industrial de Bauru (Acib), que Bauru passa por um momento de individualização na política. "Ninguém pensa em grupo", afirmou Paulo Martinello Júnior, dirigente da entidade, ao JC.
Segundo ele, "os partidos da cidade deveriam pensar em poucos ou talvez em um único nome a ser lançado para 2026". "Chega época de campanha, como a que tivemos agora para a prefeitura, e muita gente se lança só para ganhar visibilidade à próxima disputa, o que não é bom", acrescenta.
Evitar essa pulverização é o que defende o presidente da Associação dos Arquitetos, Engenheiros e Agrônomos de Bauru (Assenag), Luiz Carlos Izzo Filho. "É hora de os partidos pensarem em nomes de consenso", observa. Segundo ele, o período de dois anos daqui até a eleição de 2026 abre a possibilidade de se construir lideranças.
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