Quem está atento e analisa os diversos indicadores econômicos está preocupado com o risco fiscal do governo federal. Se de um lado há bons indicadores no curto prazo, tais como crescimento do emprego formal, queda na taxa de desemprego, crescimento do PIB e controle inflacionário, de outro lado, o descontrole nas contas públicas preocupa e preocupa muito, o que pode levar ao desequilíbrio econômico nos médio e longo prazos, ou seja, a economia não se sustentará. Teremos novamente o voo da galinha.
Depois de buscar inúmeras fontes de recursos, ou seja, tentar equacionar o descontrole fiscal pelo lado a receita tributária, finalmente membros do governo, entre eles a Ministra do Planejamento, Simone Tebet, admitem que é preciso controlar os gastos públicos de maneira efetiva. A própria ministra sinaliza com estudos de mais de 30 medidas que podem ajudar a cumprir as metas fiscais.
Vale destacar que no acumulado de 8 meses deste ano o déficit primário, receita menos despesas não computando os juros da dívida pública, se aproxima dos R$ 100 bilhões, ou seja, 247% maior do que os R$ 28,8 definido pelo próprio governo para este ano. Lembrando que o novo Arcabouço Fiscal, também elaboradora pelo atual governo, apontou para déficit zero e no máximo 0,25% do PIB, e podemos fechar o ano acima do 1%.
O que representa déficit público elevado? O raciocínio é simples: sem resultado primário, e com déficit, sequer haverá recursos para cobrir o serviço da dívida pública, os juros, com isso a dívida pública, já elevada, cresce mais do que o crescimento do PIB, gerando desconfiança no toante a capacidade de o governo rolar sua dívida.
Para estimular os investidores a comprarem os títulos públicos, a taxa de juros tem que ser mais elevada, isto é, haverá um pagamento adicional pelo risco assumido (prêmio pelo risco), o que reduzirá a capacidade de o país crescer, gerando menos emprego e renda. Também o gasto público excessivo injeta liquidez no mercado, realimentando a inflação provocada pelo aumento da demanda agregada, sem que haja resposta na mesma magnitude e velocidade da oferta. Não haveria espaço para queda na taxa de juros.
A questão central aqui é: será que a equipe econômica do governo Federal será capaz de convencer o presidente Lula? Vale lembrar que ele confunde gasto com investimento, que não vê maiores consequências em ter déficit público, isso sem contar que entraremos daqui a pouco nos dois últimos anos deste governo, que certamente desejará se manter no poder, portanto, a tentação por gastar mais é enorme. Com um pouco de boa vontade e determinação, o governo Federal mitiga o risco fiscal e os bons indicadores econômicos de curto prazo podem se materializar também nos próximos anos.
Se isso não for motivo suficiente, é só os técnicos do governo explicarem ao Presidente da República o que aconteceu no governo Dilma, do PT, em que a gastança exagerada com manipulação para baixo, sem técnica na taxa juros, levaram o país a dois anos de recessão, ou seja, a economia andou para trás.
Insisto na pergunta: será que o presidente Lula vai aceitar a contenção nos gastos públicos? Tenho minhas dúvidas.