As urnas falaram. Os candidatos eleitos celebram a vitória, enquanto aqueles que não alcançaram seus objetivos enfrentam uma nova realidade. Como nos lembra Machado de Assis: "Aos vencedores, as batatas; aos vencidos, ódio ou compaixão". Essa frase, com sua sabedoria intemporal, resume bem os diferentes sentimentos que emergem do exercício da cidadania. Mas, afinal, o que é a política senão a arte de negociar interesses, construir consensos e tomar decisões para o bem coletivo?
Agora que as campanhas se encerraram e os votos foram contados, é hora de nos voltarmos para algo maior: a união. O calor das campanhas, com suas divergências e, muitas vezes, insultos, precisa ser deixado para trás.
O pior legado de uma eleição seria a criação de barreiras permanentes entre amigos, familiares ou colegas de trabalho que, antes da disputa, conviviam em harmonia. Os desafios que nos esperam não escolhem lados políticos. Eles afetam a todos. É por isso que o espírito de cooperação deve prevalecer sobre o rancor. A figura simboliza a união e cooperação após o processo eleitoral.
Os problemas que aguardam solução — sejam eles econômicos, sociais ou ambientais — não serão resolvidos com divisões ou ressentimentos. Precisamos, agora mais do que nunca, construir pontes e não muros. Como bem expressou o filósofo grego Aristóteles, a política tem como objetivo promover o bem comum e a felicidade dos cidadãos, criando as condições necessárias para que todos possam viver bem. Seu mestre, Platão, por sua vez, idealizou a política como o caminho para uma sociedade justa e harmoniosa, onde a verdade e a justiça prevalecem.
Em meio a essas visões filosóficas que atravessam os séculos, uma reflexão moderna de Hannah Arendt nos recorda que a política é, acima de tudo, o espaço da ação comum. O poder não nasce da violência ou da imposição, mas da capacidade de agir em conjunto para o bem de todos. Agora que as urnas se fecharam, a responsabilidade é nossa. A política não termina com a eleição. Pelo contrário, ela se intensifica na forma de diálogos, cooperação e compromisso com a construção de um futuro melhor para todos.
Que as "batatas" sejam partilhadas, e que deixemos para trás o ódio e a compaixão desnecessária. Que nos guiemos pela união, para que possamos, como sociedade, avançar com maturidade e respeito mútuo. As eleições passam, mas o compromisso com o bem comum deve permanecer.
Afinal, é nele que reside a verdadeira força da política: a capacidade de agir juntos para o bem coletivo.