"Estatísticas sem análise são meros traços". Com esta frase, neste ano de eleições municipais, chamo a atenção do leitor para dados alarmantes tanto da pobreza como da eficiência das políticas públicas de Bauru. Dados da Secretaria Nacional de Avaliação, Gestão de Informação e Cadastro Único, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) apontam que em maio deste ano Bauru registrou 105.740 habitantes que vivem em situação de vulnerabilidade. Isso representa 26,9% em relação a população estimada pelo IBGE de 391.740 habitantes.
O mais alarmante é quando são estratificadas as faixas de renda dos vulneráveis: pobreza 1 (renda mensal de até R$ 109) - 23.291 pessoas (5,95% da população total); pobreza 2 (de R$ 109,01 a R$ R$ 218): 12.997 pessoas (3,32% da população total); baixa renda: 29.959 pessoas (7,57% da população total) e acima de ½ salário mínimo: 39.793 pessoas (10,16% da população total).
Se avaliarmos outro dado estatístico, que é o Índice de Efetividade da Gestão Pública Municipal (IEG-M) elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado e apurado pelo IBGE, parte deste quadro de pobreza tem explicação, e mais que isso, a má gestão pública acaba atingindo também outras faixas de renda.
O dado do IEG-M de 2023, com base em 2022, portanto, dois anos da atual gestão municipal, coloca Bauru na posição 818 no Estado. Em uma escala que é classificada em A (melhor), B , B, C e C, o índice considera sete setores da gestão pública: administração da saúde (Bauru letra C ), planejamento (C), educação (C), gestão fiscal (B), proteção aos cidadãos - defesa civil (B), meio ambiente (C) e governança em tecnologia da informação (C ). Observem que a cidade não obteve nenhuma letra A, predominando a letra C, portanto, ineficaz na gestão pública. Vale destacar que nossa vizinha Botucatu ficou, pasmem, em primeiro lugar no ranking, isso mesmo, primeiro lugar. Agudos está na posição 110, Ribeirão Preto na posição 10 e Marília na posição 14.
Neste ponto vale lembrar a frase muito utilizada no meio empresarial: o resultado de hoje é fruto das decisões do passado, e acrescento a frase de James Hunter em o Monge e o Executivo: "se continuar fazendo as mesmas coisas, colherá os mesmos resultados".
Sem eficiência do setor público não há vida digna à população, sem vida digna as pessoas padecem e o cinturão de pobreza cresce. Em ano de eleições municipais é preciso um choque de realidade enfrentando com coragem, determinação, estratégia e disposição "a vida como ela é".
Insisto: estatísticas sem análise e plano de ação, são meros traços. Reflita sobre isso.
Não é possível não nos indignarmos com a pobreza atingindo quase 27% da população da cidade e com a falta de efetividade na gestão pública, nos deixando na humilhante posição 818º no ranking das cidades no País.