ECONOMIA

Conhece a equação: Y=C I G X-M?

Por Reinaldo Cafeo |
| Tempo de leitura: 4 min

Conhece a equação acima? Não? Então vamos descomplicar a economia. Trata-se da equação do Produto Interno Bruto (PIB) pelo lado da demanda. O Y é o resultado do PIB, o C o consumo das famílias, o I representa os investimentos produtivos, também conhecido como Formação Bruta de Capital Fixo, o G é a sigla dos gastos do governo, o X as exportações e o I importações. Nesta equação o consumo das famílias é que tem maior representatividade, dependendo do período entre 65% e 70%, depois vem os Investimentos, seguido dos gastos do governo e em seguida o resultado da balança comercial.

Os resultados

O PIB brasileiro cresceu 1,4% no segundo trimestre deste ano em comparação com o primeiro trimestre. O resultado veio acima do projetado pelo mercado, o que foi comemorado pelo governo federal. Com o resultado, o primeiro semestre fecha com crescimento de 2,9% na comparação com o mesmo período do ano passado, e nos últimos quatro trimestres o PIB cresceu 2,5% também sobre o mesmo período do ano anterior. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias teve alta de 1,3%, os investimentos (formação bruta de capital fixo) cresceram 2,1%, os gastos do governo avançaram 1,3%, as exportações subiram 1,4% e as importações tiveram alta de 7,6%.

Mas o PIB pode ser analisado pelo lado da oferta

Na análise pelo lado da oferta são apurados os resultados dos setores da economia, chegando no mesmo resultado da análise pelo lado da demanda. Nesta análise o destaque foi o setor secundário da economia, ou seja, a indústria, que cresceu 1,8% no segundo trimestre. Já o setor terciário (comércio e serviços) observou alta de 1%, enquanto o setor primário (agropecuária) teve queda de 2,3%. Por essa ótica o setor terciário é que o mais tem representatividade, na ordem de 70% do PIB, seguido do setor secundário e por último o setor primário.

O resultado foi bom, mas nem tudo são flores

A combinação de bom crescimento do PIB, com geração de emprego formal e queda na taxa de desemprego, demonstra que a demanda está aquecida e a resposta de oferta não acompanha o apetito dos consumidores, portanto, pode haver pressão sobre os preços, isto é, inflação. Assim, nem tudo são flores à medida que tudo indica que a taxa de juros deve ser mantida elevada. É a resposta da política monetária para a política fiscal frouxa, expansionista.

Como assim?

O que tem permitido o bom resultado da economia brasileira é a injeção de liquidez no mercado, provocada pelos elevados gastos do setor público. Isso pode ser confirmado com o volume de gastos no primeiro semestre de 2024: R$ 1,13 trilhão, gerando um déficit primário (receita menos despesas, sem computar os juros da dívida pública) de R$ 68,7 bilhões. O consumo das famílias, mesmo com juros elevados, tem sido potencializado pela política de transferência de renda e pela elevação do salário mínimo acima da inflação, entre outros fatores. Crescimento econômico puxado pelo consumo das famílias, sem resposta na mesma velocidade em termos de oferta de bens e serviços, pressiona a inflação, o que exige uma taxa de juros mais alta. Ou seja, uma política fiscal expansionista, como a adotada pelo setor público, requer uma política monetária restritiva. O crescimento do endividamento público é inevitável, gerando incertezas na economia.

Resultado de julho confirma a gastança

As contas do governo registraram déficit de R$ 9,3 bilhões em julho, segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional. O déficit primário ocorre quando as receitas com tributos e impostos ficam abaixo das despesas do governo. Se as receitas superam as despesas, o resultado é de superávit primário. Segundo os números do Tesouro Nacional, houve melhora frente ao mesmo mês do ano passado, quando foi registrado um déficit de R$ 35,9 bilhões. O resultado foi influenciado pelo valor recorde na arrecadação em julho — que somou R$ 231 bilhões, novo recorde histórico para esse mês. De acordo com o governo, a receita líquida total somou R$ 183,5 bilhões no mês retrasado, enquanto a despesa alcançou R$ 192,8 bilhões.

Balança Comercial

Balança comercial (exportações menos importações de bens) registrou em setembro superávit de US$ 4,83 bi, com queda de 49,9% em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano (janeiro-agosto), a balança comercial apresentou superávit de US$ 54,08 bi, com queda de 13,4% na comparação com o mesmo período de 2023. Segundo a Secex, as exportações caíram 6,5% e somaram US$ 29,08 bilhões. Já as importações cresceram 13% e totalizaram US$ 24,25 bilhões.

Mude já, para melhor!

Algumas pessoas pregam a honestidade, mas suas ações revelam a hipocrisia que escondem. Fique atento. Mude já, mude para melhor!

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