BAURU - 128 ANOS

Senado elevou Bauru a Comarca dias após a morte de Azarias Leite

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Nuphis-Nucleo Pesq História -USC
Ao fundo, a catedral do Espírito Santo, na Bauru de antigamente
Ao fundo, a catedral do Espírito Santo, na Bauru de antigamente

Escolas públicas suspenderam as aulas, o comércio fechou por três dias e pelo menos quinhentas pessoas acompanharam o enterro do coronel Azarias Ferreira Leite, cuja morte foi responsável também por acelerar o processo de emancipação de Bauru à condição de comarca.

As relações do coronel e fazendeiro, também um dos pioneiros a chegar até Bauru, com a elite paulista e paulistana, o que se estendia também a barões da política a nível nacional, ajudaram na emancipação de Bauru à condição de comarca, bandeira já antiga do fazendeiro apesar das dificuldades para implementá-la.

A batalha era travada com Lençóis Paulista, cuja comarca em 1901 foi transferida para a vizinha Agudos - contra a qual a "briga" se virou posteriormente. Coronéis das cidades-sede, afinal, tinham preferência muitas vezes em processos julgados pelos juízes de sua comarca.

Isso ainda não existia em Bauru, que administrativamente respondia a um juiz de direito distante da cidade. Além do progresso natural consequente da emancipação à condição de comarca, neste aspecto pode-se dizer que o objetivo da transformação era também político.

A morte do coronel e fazendeiro Azarias Leite foi fundamental neste processo de transformação. A comarca foi instalada em 9 de março de 1911 após ser aprovada pelo Senado de São Paulo e sancionada pelo presidente do Estado.

O projeto da emancipação foi apresentado pelo senador Almeida Nogueira, que defendeu a proposta em longo discurso na Casa no dia 24 de outubro de 1910. O texto passou a tramitar em regime de urgência e seria votado já na sessão seguinte (25).

Mas nenhum senador compareceu à reunião, obrigando o presidente a encerrá-la por falta de quórum e remarcar a votação ao dia 26, quando o texto passou sem debates.

Até porque a discussão acerca do texto já havia sido realizada dois dias antes, em 24 de outubro, por iniciativa do próprio autor, Almeida Nogueira.

No discurso, o senador mencionou o atentado a Azarias Leite - sem nominá-lo, no entanto - e disse que "essa triste ocorrência chamou a atenção dos poderes públicos para a administração judiciária e policial do município do Bauru, onde alguma coisa [a criação da comarca] deve ser feita por parte do Congresso de São Paulo, projeto que inspira inadiável necessidade".

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