O câncer de rim é um inimigo muitas vezes sorrateiro, com sinais sutis no início do quadro. Entre 20% e 30% dos casos são diagnosticados já em estágio avançado, com metástase. Em junho, Mês de Esclarecimento e Combate ao Câncer de Rim, especialistas alertam para a importância de manter uma rotina de prevenção.
De 2019 a 2021, de acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, foram registrados mais de 10 mil óbitos em razão da doença. No mesmo período, foram realizados 18 mil procedimentos para retirada total ou parcial do órgão pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
"Temos que incentivar as pessoas a fazerem sempre exames de rotina no menor dos sinais. Quanto mais cedo descobrirmos o câncer, melhor será, tanto para a cura quanto para a expectativa de vida do paciente. Esse tipo de tumor é mais prevalente no homem do que na mulher e costuma parecer a partir dos 50 anos", revela o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, Luiz Otávio Torres. Segundo o médico, entre os primeiros sintomas da doença estão o sangue na urina e dor nas costas, quando a massa do câncer já está grande. Perda de peso e apetite também podem aparecer, em estágios mais avançados.
Outros sintomas que podem surgir são: dor na lateral da barriga e/ou na lombar; inchaço abdominal e nas pernas; presença de uma massa no abdômen ao apalpar; febre; anemia; cansaço.
Fatores de risco
O tabagismo é um dos fatores de risco mais associados a esse tipo de tumor, além de hipertensão, obesidade, sedentarismo, histórico familiar, exposição a toxinas.
"Isso não quer dizer que quem tem hipertensão terá câncer, mas que é um fator de risco. As pessoas acabam descobrindo o câncer de rim por meio de exames como uma ultrassonografia abdominal total, ressonância magnética e tomografia do abdômen", revela o médico.
Papel importante
Os rins são um órgão multitarefa. Por um lado, se desfazem de produtos finais do metabolismo, como a ureia. Além disso, regulam o equilíbrio de líquidos no corpo.
Uma terceira função é a de ajustar os níveis de minerais como sódio e potássio no sangue. Por último, sintetizam hormônios que estimulam a produção de glóbulos vermelhos e regulam a pressão.
O câncer nos rins também está relacionado à idade. Quanto maior a expectativa de vida, mais casos de câncer. Com a idade, o sistema imunológico perde eficácia em eliminar mutações nas células relacionadas a tumores.
Os tipos
Há cinco principais tipo de câncer de rim. O mais prevalente é o carcinoma de células renais claras, que pode se espalhar pelo corpo. Há o carcinoma papilífero, que é considerado mais grave e corresponde a 15% dos casos; o carcinoma cromófobo de células renais (5% dos casos); o de ductos coletores, raro e agressivo (1% dos casos); e o sarcomatoides, também raro e agressivo (1% dos casos).
Tratamento inclui cirurgias, medicamentos e quimioterapia
O tratamento do câncer de rim varia de acordo com o estágio da doença. Tumores iniciais são altamente curáveis por meio da retirada do órgão, a nefrectomia. Foram registradas 11.898 retiradas totais e 6.709 parciais de 2019 a março de 2024.
"Nas últimas décadas realizamos cada vez mais nefrectomias minimamente invasivas como a cirurgia robótica e laparoscópica, que apresentam menos dor no pós-operatório, menor tempo de internação e retorno mais precoce para atividades", afirma o coordenador da Disciplina de Uro-Oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia, Mauricio Dener Cordeiro.
Cânceres mais avançados podem exigir cirurgia mais invasiva, e o uso de medicamentos de imunoterapia ou terapia alvo molecular (drogas direcionadas a alvos específicos nas células cancerígenas). Além, é claro, da quimioterapia e radioterapia, que podem ser necessárias.
"Nos últimos anos surgiram tratamentos com drogas sistêmicas que apresentam resultados melhores em relação às drogas que usávamos antes", afirma Torres.