
2024 é sinônimo de comemorações para Ângela Moraes. Ele marca as três décadas do ingresso da jornalista na área de comunicação e os 10 anos da sua agência, a AMCPress Comunicação Corporativa. As datas demonstram que a profissional seguiu o ofício certo. A aptidão já despontava na infância, quando gostava de contar histórias. Ainda muito jovem, a também autora de livro "548 Dias no Japão" escrevia contos, roteirizava e ilustrava gibis.
Por conta da vocação, veio de São José do Rio Preto para Bauru, em 1994, com o intuito de cursar Jornalismo na Unesp. Tantos anos depois, aposta na comunicação não violenta para favorecer as relações interpessoais, sejam elas profissionais ou pessoais.
Para Ângela, o conceito criado pelo psicólogo Marshall Rosenberg é capaz de ampliar a efetividade das mensagens também no mundo corporativo. Segundo a jornalista, a concepção se alicerça no entendimento de que a "compaixão faz parte da natureza humana". Portanto, utilizando a empatia e evitando o julgamento e as críticas, as empresas, por exemplo, podem atingir maior compreensão e colaboração, aumentando, inclusive, a produtividade dos funcionários, explica.
Ângela Mores, que é mãe de Rafael e Tamie, iniciou a carreira na editora Alto Astral, onde ficou por 12 anos. Em 2011, deixou a empresa para trabalhar com comunicação corporativa, na então "Tempero Maneiro", que posteriormente se tornou a "Maneríssimo". Nesta fase, passou a se interessar pelo ramo da comunicação que foca em "fazer a mensagem chegar onde tem que chegar, da forma correta", como ela mesmo descreve.
Em 2014, decidiu abrir sua própria agência. No entanto, apenas durante a pandemia, a também escritora conheceu a obra de Rosenberg, a partir da qual produziu o "Curso de Comunicação Não Violenta para líderes" e divulga dicas no seu instagram (@angela.palestrascorporativas). Leia abaixo os principais trechos da entrevista:
JC: Pode nos contar um pouco sobre a sua infância e como surgiu seu interesse pela comunicação?
Angela: Eu nasci em São Paulo, mas vivi em São Bernardo dos Campos. Depois, minha família mudou para São José do Rio Preto quando eu tinha oito anos. Desde criança, eu sempre gostei de desenhar e escrever. Eu fazia gibis e tirinhas, além de escrever contos na máquina de escrever Olivetti da minha casa. Sempre tive essa paixão pela comunicação em diversas formas.
JC: E como foi sua trajetória acadêmica e profissional?
Angela: Eu vim para Bauru em 1994 para estudar na Unesp e fiquei aqui desde então. Já me considero bauruense, porque tenho mais anos aqui na cidade do que em todas as outras que morei. Meu primeiro estágio foi na Editora Alto Astral, que na época estava em um crescimento exponencial. Trabalhei lá por 12 anos e aprendi muito sobre o mercado editorial. Cheguei a ser editora de 13 núcleos de redação. Depois, fui trabalhar na Tempeiro Maneiro, onde descobri minha paixão por comunicação corporativa e por fazer as informações chegarem onde devem chegar com eficiência. Saí de lá em 2014, quando montei a minha agência AMCPress. Desde então trabalho nela.
JC: Você também tem uma experiência como escritora. Quais livros você já publicou?
Angela: Eu sempre gostei de observar as entrelinhas das histórias. Nesse aspecto, publiquei o "Respostas Que A Vida Traz", em 2010. Também já publiquei o "Ele nos chama", em que fui co-autora. O mais recente é o 548 Dias no Japão, que escrevi baseado na minha experiência de um ano e meio no país.
JC: E como surgiu seu interesse pela comunicação não-violenta?
Angela: Trabalhando na comunicação corporativa, percebi que muitos dos ruídos e problemas gerados pela comunicação interpessoal, entre as pessoas. Por isso comecei a buscar ferramentas para melhorar essa questão. Durante a pandemia, uma amiga me apresentou o livro de Marshall B. Rosenberg, que eu não conhecia. O marido dela trabalha no Centro de Valorização da Vida (CVV), que utiliza o método. Quando li, fiquei absolutamente fascinada.
JC: Pode nos explicar um pouco mais sobre o que é a comunicação não-violenta e sua importância?
Angela: A comunicação não violenta é uma técnica criada pelo Marshall. Dan Rona, meu mentor, inclusive, aprendeu diretamente com o autor da metodologia. Basicamente, ele parte do ponto de vista de que o ser humano é naturalmente bom e que a compaixão brota naturalmente. Assim, ele elenca métodos que combinados desarmam a violência na minha fala e no meu modo de enxergar o outro. Isso, também, desarma a outra pessoa. O ser humano é incapaz de ser violento com alguém que é dócil com ele.
JC: Como você vê a comunicação no ambiente corporativo?
Angela: No ambiente corporativo, a comunicação é vital para o engajamento e a produtividade dos colaboradores. Muitas vezes, os gestores subestimam o impacto da comunicação eficaz nas operações diárias. Empresas mais maduras e conscientes já perceberam que ferramentas de comunicação, como a Comunicação Não Violenta , são essenciais para melhorar o desempenho e a satisfação no trabalho.
JC: Você tem algum exemplo de como a CNV impactou uma empresa?
Angela: Sim, tenho vários feedbacks positivos. Um caso marcante foi o de uma mulher que, após o treinamento, conseguiu se relacionar melhor com o namorado. Os conflitos eram resolvidos mais rapidamente e a comunicação tornou-se mais clara e empática. Embora não tenha dados estatísticos formais, os feedbacks informais indicam uma redução nos conflitos e uma melhora no ambiente de trabalho. Em um outro caso, uma professora conseguiu transformar um aluno complicado em um aliado que evitava a bagunça em sala de aula.
O QUE DIZ A JORNALISTA:
"Eu sempre gostei de observar as entrelinhas das histórias"
"A Comunicação não-violenta é uma abordagem que ajuda a desarmar a violência na fala e nas ações"
"Minha paixão é fazer com que as mensagens cheguem em quem tem que chegar, com eficiência"
"Empresas mais maduras e conscientes já perceberam que a comunicação não violenta é essencial para melhorar o desempenho e a satisfação no trabalho"



