INQUÉRITO

Não há elementos que indiquem motivo do atraso na ETE, diz laudo

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Tisa Moraes
Delegado Adriano Crês preside o inquérito policial
Delegado Adriano Crês preside o inquérito policial

Um laudo do Instituto de Criminalística de Bauru realizado no âmbito do inquérito que investiga o problema em torno da conclusão da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Vargem Limpa, conduzido pelo delegado da Polícia Civil Adriano Crês, não encontrou elementos que apontem para o motivo o atraso na obra.

O laudo destaca que "não é possível identificar elementos materiais que pudessem indicar o motivo do atraso na sua conclusão nem tampouco a causa mais provável, visto que a mesma encontra-se em fase de execução de elementos construtivos em concreto armado, inacabados e com instalação de poucos maquinários e equipamentos".

"No âmbito da engenharia, por tratar-se de uma obra de grande complexidade, acaba por gerar projetos e sistemas de execução também complexos", complementa.

A perícia na ETE avaliou questões puramente técnicas - de engenharia, isto é - e não entra no mérito de questões administrativas.

O contrato entre a Prefeitura de Bauru e a COM Engenharia, empreiteira responsável pela ETE, foi rompido em 2021 porque já não havia mais possibilidade de se promover aditivos na negociação. O projeto executivo, segundo já publicou o JC, também continha erros.

O delegado aguarda agora explicações da Arcadis Logos, que elaborou o projeto de engenharia da ETE. Somente depois é que o inquérito será concluído.

O laudo aponta também para o evidente estado de abandono em que a ETE se encontra hoje. Há equipamentos mecânicos de grande porte ao chão, até cobertos por mato, sofrendo com as intempéries do tempo. Alguns já apresentam sinais de ferrugem, diz o documento.

Outra ala da ETE, os reservatórios acumulam água parada sem local para escoamento. O laudo, segundo apurou o JC, ainda sugere uma série de perguntas que auxiliarão a Polícia a chegar às conclusões necessárias no inquérito.

Um relatório interno do Departamento de Água e Esgoto (DAE), como noticiou o JC em agosto do ano passado, já apontava para problemas na infraestrutura da estação.

O levantamento foi feito pelo consórcio BBE Bauru, composto por duas empresas de engenharia. O estado atual da estação é o último item do relatório - dividido, por sua vez, em outros dez subitens.

No poço de sucção, fundamental à obra, foram encontrados vazios de concretagem, fissuras, trincas, juntas frias, bolhas e superfícies irregulares.

O problema se estende ao medidor de vazão - utilizado para aferir se há entupimentos, por exemplo -, local em que a vistoria constatou arestas danificadas, ferragens expostas e superfície do concreto aparente com irregularidades no acabamento, com poeira e fungos.

Além das fissuras no concreto e de detalhes da obra em desconformidade com o projeto original, há tubulações que não estão interligadas porque peças que as conectariam foram construídas com diâmetros diferentes.

Novela que já se estende há quase uma década, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Vargem Limpa começou a ser construída em 2015, na gestão do ex-prefeito Rodrigo Agostinho (PSB), com término previsto para outubro do ano seguinte.

Mas sucessivos erros no projeto executivo da obra estenderam o esqueleto da ETE até hoje. O JC apurou que houve alertas sobre os erros no projeto antes mesmo do início das construções, mas esses apontamentos foram ignorados na época.

O caso foi parar na Justiça. A COM acusa a prefeitura de ter rompido o contrato irregularmente; a prefeitura, por sua vez, acusa a COM de descumprimento de cláusulas contratuais.

Comentários

Comentários