
O Tribunal do Júri condenou a 26 anos, nove meses e seis dias de reclusão, em regime fechado, mulher de 33 anos acusada de matar asfixiado o próprio padrasto, Odair José Duarte, de 65 anos, em março do ano passado, em Bauru. Na ocasião, a vítima foi encontrada com um saco na cabeça e com as mãos e os pés para trás, amarrados com fio. A enteada confessou o crime e está presa preventivamente. Cabe recurso.
Por maioria, nesta terça-feira (4), os jurados entenderam que C.T.C. deveria ser condenada por homicídio duplamente qualificado (por asfixia e com uso de recurso que dificultou a defesa do ofendido), com o agravante de a vítima ter mais de 60 anos, e por furto. Após o crime, segundo a sentença, a ré chegou a ir ao velório do idoso e conversar com familiares dele. O motivo torpe, que também constava na pronúncia, foi afastado.
Conforme divulgado pelo JC na época, o corpo de Odair foi localizado no dia 21 de março de 2023, por um sobrinho que foi até a casa dele, na rua Floresta, no Parque Vista Alegre, e, após sentir forte cheiro de gás, acionou o Corpo de Bombeiros, desconfiando de vazamento.
A casa estava fechada, mas quatro bocas do fogão estavam abertas, exalando gás. Quando as janelas do imóvel foram abertas, foi possível observar a vítima caída, encostada na cama. Em seguida, a porta foi arrombada. O aparelho celular do idoso não foi localizado.
Posteriormente, uma vizinha contou à polícia ter estranhado as últimas mensagens que tinha recebido de Odair, porque estavam com erros de português. O texto tentava fazê-la acreditar que ele estava saindo para uma viagem de última hora e que ficaria sem celular, pois tinha esquecido o carregador.
A mulher, que horas antes havia levado uma marmita ao idoso, alertou os familiares dele. Um parente também informou que Odair tinha recebido bilhetes alertando que ele morreria se não “sumisse” de Bauru.
Após investigações conduzidas pela 3.ª Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Bauru, no dia 26 de abril, a enteada dele foi presa em sua residência, na Vila Lemos, e confessou o crime ao delegado Cledson do Nascimento. O celular dele estava com ela e foi apreendido.
O laudo necroscópico apontou que o idoso morreu por asfixia, causada por sufocação. O crime teria ocorrido na noite de 20 de março. Em depoimento à Polícia Civil, a mulher alegou que matou o padrasto porque ele teria tentado lhe agarrar. Depois, montou uma cena para que parecesse um latrocínio. A enteada também admitiu ter enviado as ameaças ao idoso, com o intuito de fazer com que ele deixasse a cidade.