TRAGÉDIA

20 corpos de chuvas no RS ainda não foram identificados

Por Isabella Menon | da Folhapress
| Tempo de leitura: 2 min
Gustavo Mansur/ Palácio Piratini
Canoas foi uma das mais atingidas pelas inundações
Canoas foi uma das mais atingidas pelas inundações

Das 162 pessoas mortas em decorrência das enchentes no Rio Grande do Sul até a noite desta quarta (22), 87% já foram identificadas, de acordo com o Instituto Geral de Perícias gaúcho. Isso significa que cerca de 20 corpos - 13% dos óbitos - ainda não tiveram a identidade confirmada e vão precisar passar por um exame de DNA.

O processo, que vai ajudar na identificação, costumava demorar de 20 a 22 dias. Porém, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública, um novo equipamento consegue emitir um resultado em 90 minutos. Nestes casos, é necessário que familiares das vítimas compareçam ao DML (Departamento Médico Local) para realizar a coleta do material genético. A maioria das identificações até agora foi feita com base em impressão digital.

Até esta quarta, a cidade que registrou o maior número de óbitos foi Canoas, com 24 mortes confirmadas e 12 desaparecidos. A cidade foi uma das mais atingidas por inundações e imagens mostram que a região ainda sofre com o alto nível de água nas ruas.

O médico legista e professor aposentado Nelson Massini afirma que a putrefação de corpos se desenvolve rapidamente com a umidade. Por isso, há uma pressa para encontrar ainda na primeira semana os mortos em desastres como o que atinge o Rio Grande do Sul.

Depois deste período, ele afirma que fazer a identificação dos corpos com digitais fica mais difícil. Outra opção é usar a arcada dentária, por meio de radiografias. Quando nenhum dos dois métodos funciona, é preciso recorrer ao DNA, como deve acontecer no estado. "Procuramos fazer o processo o mais rápido possível, uma vez que [a demora] é um sofrimento para a família", diz.

Outra dificuldade é o fato que muitos corpos foram encontrados embaixo da terra, o que também acelera a a putrefação. Segundo o especialista, mesmo em condições normais o processo de decomposição começa em poucos dias. Ele cita como exemplo o caso da família morta na semana passada por um jovem de 16 anos, em São Paulo. "Ele ficou com os pais dentro de casa 2 dias, é o suficiente para já entrar no processo de autolítico, de destruição, e a saída de um gás que cheira mal", explica Massini.

No caso de desastres que causam a morte de centenas de pessoas, como em Brumadinho (MG), que matou ao menos 270 pessoas em 2019, as famílias dos desaparecidos foram chamadas para ter o material genético recolhido. O processo facilita o trabalho da perícia que já tem um banco de dados para comparar quando o material dos corpos for coletado.

No caso de pessoas que são levados pela água, o perito explica que é comum que, entre 48 e 72 horas, sejam encontrados porque flutuam em decorrência da liberação de gases.

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