O Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Bauru prevê R$ 80 milhões a mais em receita anual somente com a troca de hidrômetros no município.
A estimativa é de longo prazo e sua base de cálculo leva em consideração a mudança já realizada sobre os equipamentos obsoletos.
Há 140 mil equipamentos pendentes de troca, diz o presidente da autarquia, o engenheiro Leandro Joaquim, enquanto outros 21 mil foram substituídos nos últimos dois anos.
Somente essas alterações já garantiram receita a maior na média de R$ 10 milhões, segundo Joaquim.
Nessa perspectiva, afirma o presidente, a previsão é de que a reposição do restante dos hidrômetros obsoletos amplie a receita da autarquia na cifra dos R$ 80 milhões anuais quando concluída.
Isto é: se a receita do DAE hoje está estimada em R$ 204 milhões, segundo a Lei Orçamentária Anual (LOA), a cifra sobe para ao menos R$ 284 milhões quando concluídas as substituições.
Isso se deve à precisão com que os novos equipamentos registram o consumo de água nas residências. Os atuais, por sua vez, são mais antigos e seus dispositivos de leitura estão defasados.
O ponto positivo dessas medidas está no fato de que o aumento de receita não está atrelada a uma despesa a maior - é apenas uma otimização da arrecadação, afirma o presidente do DAE.
Mas a autarquia também aposta numa outra frente de receita: o combate à inadimplência, sobretudo dos grandes devedores. O passivo a receber que o DAE possui hoje gira em torno de R$ 30 milhões.
A instituição recentemente intensificou o combate aos inadimplentes e já conseguiu reduzir o percentual de devedores, antes delineado em 16,5%, para 10,5%. Há previsão de que essa média caia ainda mais, diz Joaquim, o que deverá garantir fôlego ao DAE.
Embora haja passivos sob litigio (na Justiça), a autarquia já vê R$ 5 milhões a mais por ano somente com a redução da inadimplência.
A autarquia, enquanto isso, também prevê novas estratégias com a contratação do novo Plano Diretor de Águas (PDA).
A informação sobre a contratação de um novo PDA foi revelada pelo engenheiro durante entrevista ao repórter Alexandre Colim, do Cidade 360.º, uma parceria entre o JC e a 96FM.
O atual plano, diz o presidente, vence neste ano e precisa ser alterado. "Das 41 ações previstas no documento, cumprimos quase todas. Faltam cerca de oito", explica.
Entre aquelas ainda pendentes está a contratação de um projeto de captação alternativa de água superficial. A ideia é retirar recurso hídrico do próprio Rio Batalha, mas em local distante 10 quilômetros da zona urbana.
Poço da USP passa a abastecer o HC
O decreto de emergência hídrica em Bauru, baixado pela prefeita Suéllen Rosim (PSD) na quinta-feira (9), deu aval para que o Departamento de Água e Esgoto (DAE) utilize o poço de captação localizado no campus da Universidade de São Paulo (USP), ao lado do Parque Vitória Régia, seja utilizado para abastecer o município.
A autarquia já determinou o uso do equipamento para garantir o pleno abastecimento do Hospital das Clínicas (HC), localizado na mesma região. "O poço hoje é subutilizado, funciona em média cinco horas por dia. Vamos aumentar a produção dele para captar os recursos", afirmou o presidente do DAE ao JC.
O rodízio começou na quinta-feira (9) e só vale para as regiões abastecidas pelo Rio Batalha. O racionamento ocorre no sistema de 24h de abastecimento por 48h de interrupção. Afeta três divisões de bairros. O primeiro envolve Parque Sabiás e Vila Independência, o segundo, o Centro, Altos da Cidade e Ouro Verde e o terceiro, por sua vez, Vila Falcão e Jardim Bela Vista.
A aposta da autarquia a curto prazo envolve a interligação dos poços e reservatórios já existentes - o que garante previsibilidade aos técnicos do DAE quando o assunto é o destino das águas nas tubulações subterrâneas.
"Até o fim do mês, somando ao que fizemos no último ano, teremos ações para interligar poços. Principalmente o reservatório da Praça Portugal, que recebe água do Batalha", disse Joaquim na quinta, dia em que se iniciou o racionamento.
Tragédia no RS: DAE enfrentaescassez de caminhões-pipa
Água não é o único produto escasso em Bauru hoje. O Departamento de Água e Esgoto (DAE) enfrenta dificuldades para conseguir caminhões-pipa em razão da tragédia que o Rio Grande do Sul (RS) hoje enfrenta.
"A empresa contratada por nós para fornecer esses veículos tem 40 caminhões. Solicitamos mais para atender às solicitações de munícipes e a resposta foi negativa. Todos foram encaminhados à região Sul para auxiliar o Estado", contou Leandro Joaquim ao JC nesta sexta-feira (10).
O DAE também interrompeu parcialmente contratos com empresas para as quais fornece caminhões-pipa para garantir o abastecimento das três regiões afetadas pelo rodízio. "É a prioridade do momento. Estamos em emergência", conta.