ENTREVISTA JC

Entrevista da Semana com a auditora fiscal Luciana Grillo

Titular da Delegacia Regional Tributária de Bauru, ela tem como pilares o comprometimento e a fé para fazer a diferença

Por Tisa Moraes | 05/05/2024 | Tempo de leitura: 5 min
da Redação

Tisa Moraes

Luciana Moscardi Grillo: “sou realizada”
Luciana Moscardi Grillo: “sou realizada”

Comunicativa, inteligente, movida a desafios e comprometida a fazer a diferença. Estas são algumas qualidades que ajudam a definir a auditora fiscal Luciana Moscardi Grillo, 50 anos, que comanda, desde 2022, a Delegacia Regional Tributária de Bauru, órgão vinculado à Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado. E ela acrescenta: "sou, acima de tudo, abençoada, porque tenho uma vida muito boa e sou muito feliz. Sou realizada".

Nascida em Bauru, Luciana formou-se em engenharia civil e planejava seguir carreira acadêmica quando foi aprovada em concurso público, em 1997, o que a motivou a cursar direito. De lá para cá, assistiu a avanços, como a ampliação do número de servidoras mulheres na área fiscal, e participou de outros, como a melhoria das relações da Receita Estadual com os contribuintes.

Além de dar conta de suas atribuições como delegada, Luciana engaja-se em inúmeras atividades. Ela é diretoria jurídica da Associação dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de São Paulo (Afresp) e membro da Comissão Técnica da Associação Nacional de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite).

Por quase oito anos, foi, ainda, titular da Delegacia Tributária de Julgamento do Estado em Bauru. Mesmo com a agenda repleta, a delegada administra seu tempo para compartilhar momentos com o marido, Mário Sérgio Meca, e a filha Mariana, 16 anos. Nesta entrevista, Luciana relembra sua trajetória, comenta sobre sua dedicação ao trabalho e a paixão por viagens e gastronomia e revela, ainda, o recente fortalecimento de sua fé. Leia os principais trechos.

JC - O que a levou a escolher uma área tão árida para atuar?

Luciana - Costumo brincar que a gente não encontra criança dizendo que quer ser auditor fiscal quando crescer. Eu sempre gostei de matemática. Meu pai é engenheiro e parecia uma escolha natural fazer faculdade de engenharia. Fui aprovada na USP, Unesp e Unicamp e acabei cursando engenharia civil na Unesp de Bauru. Depois, fiz mestrado com ênfase em saneamento ambiental pensando em seguir na área acadêmica, porque sempre gostei de dar aula. Na faculdade, dava aula particular de matemática, física e química a estudantes do ensino médio. E cheguei a ser monitora de matemática por um semestre no Objetivo, onde eu estudava.

JC - E quando decidiu focar no serviço público?

Luciana - Durante o mestrado, surgiram algumas opções de concurso público e considerei que seria uma possibilidade de construir uma carreira sólida, com estabilidade e remuneração condizente com a técnica do cargo. Então, fui fazer curso para concurso, comecei a estudar e tomei tanto gosto pelas matérias ligadas ao direito que, depois, acabei fazendo faculdade de direito na ITE, já aprovada no concurso. Fui aprovada em 1997, escolhi a vaga em Bauru e me identifiquei muito com o trabalho.

JC - Fale um pouco sobre como é o seu trabalho.

Luciana - É um trabalho árido, sim. Brinco que, se todo mundo quisesse pagar imposto, ele não se chamaria imposto. Quando entrei, as relações entre contribuintes e o Fisco tinham certa tensão. Hoje, evoluímos muito, há diálogo, uma postura de ajudar, orientar e prover o cumprimento voluntário das obrigações. Sou muito realizada, me envolvo em muitas coisas porque quero fazer a diferença. Prestar um bom serviço é um dever do agente que representa o Estado. E tenho a felicidade de meus grupos de trabalho próximos ao meu gabinete, na Comissão Técnica, na Diretoria Jurídica da Afresp serem formados por pessoas extremamente inteligentes, que se desafiam todos os dias a fazer mais. Isso traz grande motivação.

JC - Sua área de atuação é predominantemente masculina. Como tem sido o desafio de ter um cargo de comando sendo mulher?

Luciana - Creio que a proporção seja de um terço de mulheres para dois terços de homens na área fiscal. Quando ingressei, era um ambiente bem mais masculino, mas nunca enfrentei problemas em relação a isso. Quando entrei, era uma mulher no comando da delegacia e, depois de 20 anos em que ela deixou o cargo, eu assumi e voltamos a ter uma delegada. Hoje, das 18 regionais do Estado, só somos a Keyla, de Sorocaba, e eu, mas temos supervisoras, gestoras. Como delegada, não tive qualquer tipo de dificuldade, há um respeito mútuo. Sei que esse tipo de situação existe no mundo corporativo, mas não vivi isso dentro da Fazenda.

JC - Quando não está trabalhando, o que gosta de fazer?

Luciana - Se me chamam para viajar, já estou com a mala na porta. Conheço Portugal, Canadá, alguns países da Europa, já fui para a Turquia. A Mariana, que é um presente na minha vida, viaja desde pequena, sempre foi uma criança fácil, interessada nas viagens. Já viajei várias vezes com minha mãe. E eu e o Meca, que é um grande companheiro, sempre damos um jeito de dar uma voltinha, porque a gente aprende coisas novas viajando. E adoro cozinhar, receber os amigos em casa, fazer com amor uma comida diferente que experimentou em uma viagem. O pessoal elogia e fico contente.

JC - Além de curiosa, inteligente e comunicativa, como você se define?

Luciana - Sou comprometida com o que faço e não tenho medo de desafios. Claro que já passei por situações difíceis, mas sou, acima de tudo, abençoada, porque tenho uma vida muito boa e sou muito feliz. Sou realizada. Eu tive uma criação cristã, mas sem uma religião definida. Quando conheci meu marido, em 2017, o primeiro presente que ele me deu foi uma Bíblia. Comecei a testemunhar como a vida dele como cristão fazia a diferença para ele e consegui desenvolver esse relacionamento íntimo com Deus. Acabei indo até a igreja dele, a Comunicação e Missão Cristã, me converti em 2022 e a presença de Deus na minha vida faz diferença em cada detalhe. Participar da obra e estar junto de pessoas que se ajudam é uma das minhas grandes alegrias. Ser cristão não é ser uma pessoa sem problemas, mas é poder dizer para seus problemas, que são temporários, que você tem um Deus que te dá suporte.

O QUE DIZ A DELEGADA TRIBUTÁRIA:

"Sou muito realizada, me envolvo em muitas coisas porque quero fazer a diferença"

"Se me chamam para viajar, já estou com a mala na porta. A gente aprende coisas novas viajando"

"Sou, acima de tudo, abençoada, porque tenho uma vida muito boa e sou muito feliz"

Em palestra no Ciesp Bauru, com Marco Antônio Pereira da Silva (Plasútil) e Helcio Honda (Fiesp) (crédito: Arquivo pessoal)
Em palestra no Ciesp Bauru, com Marco Antônio Pereira da Silva (Plasútil) e Helcio Honda (Fiesp) (crédito: Arquivo pessoal)
Com os pais, Marisa e Antonio, e os irmãos, Flávia e Maurício (crédito: Arquivo pessoal)
Com os pais, Marisa e Antonio, e os irmãos, Flávia e Maurício (crédito: Arquivo pessoal)
Luciana com a filha Mariana (ao centro) e membros da igreja comemorando o aniversário de Nélio Garcia (à frente) (crédito: Arquivo pessoal)
Luciana com a filha Mariana (ao centro) e membros da igreja comemorando o aniversário de Nélio Garcia (à frente) (crédito: Arquivo pessoal)
Com o marido, Mário Sérgio Meca, no Canadá (crédito: Arquivo pessoal)
Com o marido, Mário Sérgio Meca, no Canadá (crédito: Arquivo pessoal)

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