ECONOMIA

Liminar suspende votação da Câmara sobre privatização da Sabesp

De acordo com a decisão, o projeto de lei não foi objeto de todas as 'audiências públicas necessárias' nem de todos 'os estudos e laudos pertinentes'.

Por Saulo Pereira Guimarães | 03/05/2024 | Tempo de leitura: 3 min
da Folhapress

Reprodução/Prefeitura de Itapevi flickr

Justiça entende que houve irregularidades no processo.
Justiça entende que houve irregularidades no processo.

Uma decisão liminar divulgada nesta sexta (3) suspendeu os efeitos da votação que viabilizou a privatização da Sabesp, realizada ontem (2) na Câmara Municipal de São Paulo.

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Justiça entende que houve irregularidades no processo. De acordo com a decisão, o projeto de lei não foi objeto de todas as "audiências públicas necessárias" nem de todos "os estudos e laudos pertinentes", o que desrespeita "princípios constitucionais que permeiam o processo legislativo".

Ação é movida por partidos de oposição. Processo que deu origem à decisão foi aberto por PT e PSOL. A situação pode ser revista pela Justiça a qualquer momento.

"Todo o rito Legislativo foi legal e os critérios da liminar em vigor foram cumpridos", afirma presidência da Câmara. Em nota, o órgão afirma que "a votação ocorreu após todas as audiências públicas previamente agendadas (nove) e após a apresentação do estudo de impacto orçamentário".

O texto foi aprovado com 37 votos a favor e 17 contra pelos vereadores. Só Adilson Amadeu (União Brasil) não votou ontem.

O QUE DIZ O TEXTO APROVADO

Texto traz alterações no acordo entre prefeitura e Sabesp ? empresa de água e saneamento. A aprovação da Câmara Municipal é necessária porque a lei 14.934, de 2009, prevê que contratos "serão automaticamente extintos se o estado vier a transferir o controle acionário da Sabesp à iniciativa privada".

Além disso, os vereadores precisavam alterar a lei em vigor para que a privatização se tornasse um negócio viável do ponto de vista econômico. Como a cidade de São Paulo representa 46% do faturamento da Sabesp, a venda de ações planejada pelo governo do estado deixa de ser uma oferta interessante para alguma empresa privada se não incluir a operação da capital.

O projeto aumenta de 13% para 25% o percentual da receita obtida pela empresa na cidade que deve ser investida no município. Também amplia, de 3% para 5,5%, o percentual da receita destinado ao FMSAI (Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e Infraestrutura). E reduz de R$ 3 bilhões para R$ 1,8 bilhão a dívida da prefeitura com a Sabesp.

PRIMEIRA VOTAÇÃO FOI HÁ DUAS SEMANAS

No dia 17, quando houve a primeira votação, a proposta teve 36 votos a favor e 18 contra. Membros da base e da oposição já previam que o placar seria semelhante ? embora, entre os aliados, ainda houvesse negociação junto ao governo do Estado.

Maior parte da população é contra privatização da Sabesp, indica pesquisa. Levantamento divulgado no último dia 15 pela Quaest apontou que 52% dos eleitores do estado de São Paulo são contra a transferência do controle acionário da empresa ? e 36%, a favor. Na capital, a disparidade é ainda maior: são 61% contra a privatização e 29% a favor.

A desestatização é promessa de campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo a equipe do governador, uma das metas do negócio é a redução da tarifa cobrada hoje. Para isso, o governo do Estado planeja usar 30% do dinheiro obtido com a privatização para criar um fundo com essa finalidade.

Em princípio, o assunto despertava "arrepios" na Câmara de São Paulo. O termo foi usado por Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara, em debate sobre o tema em novembro, logo após um vendaval deixar várias partes da cidade sem luz por dias. Assim como o fornecimento de água, o abastecimento de energia em São Paulo é concessionado ? está com a Enel, uma empresa privada.

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