Gente especial existe. Cidadã exímia de Bauru, de lutas e das causas nobres. Dos acasos repletos de significados, ela só poderia ter nascido no "Dia do Trabalho". Ninguém é unânime, mas Brasília Galvão, minimamente, é respeitada por todos que a conhecem.

Impossível destituir-me da honrosa condição de amigo para escrever. Entretanto, se essas palavras não ecoassem pensamento plural, não usaria deste espaço. Tenho aprendido que sentimentos merecem anonimato. Igualmente, que as pessoas merecem ser homenageadas enquanto vivas.

De origem extremamente humilde, Brasília venceu na vida trabalhando como empregada doméstica e lavando roupas. Tornou-se arrimo de família. Assumiu, para si, as dores de muitos. Incansável? Jamais. O dom de amar demais dilata a capacidade humana de suportar intempéries e renunciar, por vezes, ao próprio bem-estar.

Em tese, as limitações de sua condição seriam motivos para que Brasília se restringisse aos compromissos pessoais. Contudo "amar demais" vence barreiras e amplifica o rol dos próximos. Amor e caridade verdadeira independem de religião. As pessoas mais ocupadas sempre encontram tempo para fazerem o que querem, além do que precisam.

Brasília é a protagonista das principais benfeitorias conquistadas no Jardim Panorama e bairros adjacentes, desde que surgiram. Isso lhe aproximou dos Conselhos Municipais, dos quais participou com afinco.

Sendo evangélica, foi das mais atuantes entusiastas da pró-construção da Paróquia Universitária do Sagrado Coração. Assídua colaboradora das entidades assistenciais da nossa cidade, porém sempre se esquivando da publicidade de suas ações.

Para mim, Brasília é ainda maior que tudo isso. Meu ponto de partida e de apoio. Exemplo de autenticidade e superações. Posso ter amigas mais sofisticadas e socialmente reconhecidas, mas nenhuma delas detém a sua eloquência, lealdade e cumplicidade. Por tudo e por tanto, muito obrigado. Feliz aniversário, amiga de todas as horas.

Com todo o meu amor.