OPINIÃO

Os índices de inflação no Brasil e nos Estados Unidos

Por Reinaldo Cafeo | 11/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min

O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil

A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA - Índice de Preços ao Consumidor Amplo, subiu 0,16% em março, indicando controle na média dos preços da economia, não obstante ter tido alta em seis dos nove grupos pesquisados pelo IBGE. Ainda preocupa o Grupo Alimentação e Bebidas que subiu 0,53% no mês.

Com inflação acumulada em 12 meses de 3,93%, podemos apontar que a tendência de queda da taxa básica de juros continua, contudo, há que se fazer uma ressalva, e esta, tem a ver com a inflação nos Estados Unidos. Vale lembrar que o centro da meta deste ano é de 3,0% com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou baixo.

Por lá, o CPI - índice de Preços ao Consumidor, teve alta de 0,4%, e a taxa anualizada atingiu o patamar de 3,80%, valor elevado para os padrões americanos e ainda distante da meta de 2% ao ano. Aqui é que reside o problema.

Inflação mais alta nos Estados Unidos, indicativo de que a taxa de juros não cairá. Para se ter uma ideia, 50% dos analistas de mercado que atuam no mercado norte-americano apontavam para queda de 0,5 ponto percentual na taxa de juros daqui para frente, agora são somente 19%.

Juros altos na principal economia mundial é forte atrativo para o capital volátil. Se considerarmos a projeção de queda dos juros por aqui, com a manutenção dos juros ainda elevados na economia americana, o investidor e o especulador tendem a migrar seus recursos para lá.

Com maior demanda por divisas aqui no Brasil, sem que haja o mesmo volume de oferta de divisas, a cotação da moeda estrangeira se eleva e, caso o dólar se mantenha elevado por um período dilatado, haverá contaminação nos preços internos, gerando inflação, sinalizando ao Banco Central que será melhor reduzir o ritmo de queda dos juros, ou até mesmo não os reduzir.

Quando avaliamos a relação de causa e efeito, inflação mais alta, necessita de juros mais elevados, a economia não cresce, o emprego e renda não vêm na magnitude desejada, todos perdem.

O que pode auxiliar na menor pressão do câmbio no Brasil é o governo Federal não colocar mais lenha na fogueira, entenda-se isso como ser rigoroso no controle fiscal (gastar menos do que arrecada), com isso, atenua as incertezas do mercado, reduzindo risco sistêmico, portanto, neutralizando em parte a migração de divisas para o fora do país.

A Ciência Econômica traz ensinamentos que devem ser aplicados em sua ampla dimensão auxiliando na manutenção do equilíbrio macroeconômico. Não precisa inventar nada, basta praticar tais ensinamentos.

Receba as notícias mais relevantes de Bauru e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.