COLUNISTA

A Páscoa é a festa da Paz

30/03/2024 | Tempo de leitura: 4 min

Na tradição cristã, o versículo 24 do Salmo 118 (117) é cantado como Responsorial na Liturgia da Páscoa e aplicado ao dia da ressurreição de Cristo: “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!” Porque Cristo ressuscitou, verdadeiramente. Ele vive para além da morte. Ele é o Senhor dos vivos e dos mortos. O Messias prometido, tendo passado pela morte e ressurreição, realiza a grande esperança da humanidade: uma nova terra e um novo céu, um mundo sem luto e sem lágrimas, com paz e justiça, alegria e vida para sempre. Ele é de fato o “Príncipe da paz”, conforme fora anunciado. São Paulo assim atesta: “Cristo é a nossa paz” (Ef 2,14). A Páscoa é, portanto, a festa da paz.

O tema da paz foi aprofundado à luz da Palavra de Deus ao longo da Quaresma. A paz começa dentro do coração de cada um de nós. Ela nasce da vida divina em nós. Essa vida divina e imortal nos foi trazida por Jesus de Nazaré, o filho de Deus e de Maria, cujo evento histórico de sua morte e ressurreição hoje celebramos alegre e festivamente. No mistério da paixão e ressurreição de Jesus o mistério da iniquidade que acompanha a existência humana até o último dia tem o seu fim decretado. Nem a morte nem o pecado nos devem mais causar medo, somos novas criaturas, homens e mulheres novos, em Cristo ressuscitado, conforme diz o Apóstolo Paulo: “Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. As coisas antigas passaram, tudo foi renovado” (2Cor 5,17). Por isso, para nós que temos fé, pela Páscoa de Cristo formamos um povo de homens e mulheres redimidos, livres e novos, caminhando rumo à vida plena, eterna e feliz desde aqui da terra aos céus. A Páscoa de Cristo é a Páscoa dos cristãos, porque pelo Batismo fomos inseridos na sua morte redentora que libertou-nos do poder do pecado e fez-nos ressuscitar com Ele para uma vida interminável, conforme assim ensina-nos o Catecismo (cf. Youcat, 194). Encontramos também em Paulo este fundamento: “Pelo Batismo fomos sepultados com Ele na morte, para que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos por meio da glória do Pai, assim também possamos caminhar numa vida nova” (Rm 6,4).

Se pela Páscoa participamos na vida de Cristo ressuscitado, dEle que reconciliou o céu e a terra temos em nós a sua paz, aquela paz, segundo disse, que o mundo não pode dar (cf. Jo 14,27). Então, por serviços e ações, Jesus nos ordenou a realizar a missão da construção da paz na comunidade e na sociedade. Na sua aparição aos discípulos “Jesus veio e, pondo-se no meio deles, lhes disse: A paz esteja convosco! Mostrando-lhes as mãos e o lado, ao mesmo tempo em que eles se alegravam, Jesus lhes disse de novo: A paz esteja convosco” (Jo 20,19-20). A seguir, Jesus soprou sobre eles e lhes disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; a quem não perdoardes ser-lhes-ão retidos” (vv.22-23). A paz começa pelo perdão dado e recebido. O perdão que recebemos de Deus é dom do Espírito Santo. E o ministério do perdão que por mandato divino a Igreja exerce em favor dos homens e mulheres do mundo elao executa através dos seus ministros que são ordenados pela imposição das mãos dos apóstolos e seus sucessores, os bispos, e a unção do santo óleo, como um poder que lhes foi concedido pelo Espírito Santo, quando Jesus soprou sobre eles e lhes disse as palavras acima citadas  e que repito: Recebei o Espírito Santo”, para perdoardes os pecados, vale dizer para que todos tenham em si a paz interior da reconciliação com Deus. Também conosco pelo perdão pedido, dado e recebido entre nós, na família, na Igreja e na sociedade nos transformamos em instrumentos da paz. A Igreja vem ensinando que não há paz sem a justiça. Ultimamente, o Papa Emérito, Bento XVI, afirmou que não há paz sem justiça e sem perdão. E o nosso Papa Francisco acrescentou: “Não há paz sem justiça, sem perdão e sem misericórdia”. Jesus já dissera: “Não há paz sem o amor. Serviços e ações que edificam a paz são as boas obras que devemos realizar, a começar pelas obras de misericórdia como Jesus as aponta no Evangelho de Mateus 25,31-46”, cujo acento recai sobre o amor ao próximo, valor moral supremo; quanto à sua prática Jesus mesmo será o nosso juiz no julgamento final.

No Evangelho da santa Missa deste domingo da ressurreição - Jo 20,1-9 - São João narra que Maria Madalena, Pedro e João chegaram de madrugada ao túmulo de Jesus e o encontraram vazio. Viram as faixas de linho no chão e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. Eles viram e acreditaram. Até então eles não tinham compreendido a Escritura que diz que Ele devia ressuscitar dos mortos. Feliz Páscoa! 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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