CULTURA

Arrigo Barnabé presta homenagem a Itamar Assumpção com Isca de Polícia

Nome provisório do projeto, um vídeo gravado no espaço cultural Centro da Terra, é “Arrigo + Trisca Visitam Itamar”

Por FolhaPress | 20/03/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Arrigo simula um diálogo com Itamar, parceiro de décadas
Arrigo simula um diálogo com Itamar, parceiro de décadas

Tem biscoito fino para as massas. Arrigo Barnabé acaba de gravar um álbum em que homenageia seu amigo, o músico Itamar Assumpção, morto em 2003. O nome provisório do projeto, um vídeo gravado pelo selo Atração no espaço cultural Centro da Terra, é "Arrigo Trisca Visitam Itamar".

São 13 faixas e mais uma introdução em que Arrigo, uma das cabeças da vanguarda paulistana, escreve uma carta e simula um diálogo com Itamar, que foi seu parceiro por décadas. O produto, que pode chegar ainda em outros formatos, chega ao público no início de abril e está previsto um show para 1 de maio.

A tal "trisca" é composta por Paulo Lepetit - nos arranjos, baixo e vocal -, Jean Trad - guitarra e vocal - e Marco de Costa - bateria e também vocal. Os três, em algum momento, participaram da banda Isca de Polícia, que acompanhava Itamar, mas nunca estiveram juntos em um mesmo trio.

A partir do convite de Lepetit, Arrigo embarcou no projeto, que combina com a carreira de intérprete que tem cultivado na última década. Fez shows cantando composições de Lupicínio Rodrigues, em 2014, e de Roberto e Erasmo Carlos, em 2019, preservando as linhas melódicas da maioria das canções, mas impondo sua teatralidade e seu tom gutural, às vezes jocoso.

O projeto sobre Itamar previa um repertório de sambas, mas o trabalho evoluiu para algo mais diverso, com fusões de ritmos e experimentalismos, em parte pela influência de Arrigo, mas também pelos arranjos de Lepetit. Sempre se considerou fazer algo que pertencesse a um certo "universo" de Itamar, que respeitasse a identidade do artista e suas ideias sobre música.

"O que eu destaco é a linguagem que a gente conseguiu. Ela já vem da Isca de Polícia lá atrás. E essa união com o Arrigo criou uma coisa nova", afirma Lepetit. "A gravação tem esse sentido de álbum, eu estou chamando de álbum-vídeo. Trata-se de uma obra integral, com começo, meio e fim, como tinham os discos nos anos 1970 e 1980."

O projeto começou em 2022 e o repertório foi apurado ao longo de seis apresentações em palcos do Sesc. Finalmente, as gravações rolaram em um dos shows no Centro da Terra, em dezembro do ano passado.

Nesse processo, as composições foram mudando. "Na Cadência do Samba" virou um punk samba, enquanto "De Mais Ninguém", de Marisa Monte e Arnaldo Antunes, ganhou uma introdução a la Ray Conniff.

Ao todo, são seis composições de Itamar, além de dois sambas de Nelson Cavaquinho - "Quando me Chamar Saudade" e "Luz Negra" -, dois de Ataulfo Alves - "Errei Erramos" e "Na Cadência do Samba", que Itamar gravou -, além de composições de Arrigo - "Maldição", em parceria com seu irmão Paulo Barnabé, e "Sentido do Samba", com Sérgio Espíndola.

Mesmo o clássico Itamar, "Nego Dito", acabou se fundindo com "Clara Crocodilo", de Arrigo, criando uma espécie de conversa entre duas grandes obras.

"Sempre pensei em fazer um encontro do 'Nego' com o 'Clara'. Aí eu e o Paulinho [Lepetit] começamos a trabalhar, buscando conseguir uma levada para o 'Nego Dito? que fosse a mesma do 'Clara'", diz Arrigo. "E 'Quando me Chamar Saudade? tem essa história de contextualizar a situação do Itamar, do compositor brasileiro e do músico da nossa geração".

Receba as notícias mais relevantes de Bauru e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.