Pacientes que precisam do tratamento de hemodiálise devem permanecer internados por até 150 dias no Hospital Estadual de Bauru (HEB) aguardando pelo procedimento - caso contrário, perdem a vaga para o próximo da fila.

O impasse foi revelado no início de março pelo vereador José Roberto Segalla (União Brasil), que recebeu queixas de munícipes que precisam do tratamento nefrológico.

"A pessoa para conseguir uma máquina no Hospital Estadual precisa ser internada. Mas internada para aguardar a máquina; e não para realizar o tratamento de imediato. Isso tem levado 150 dias", apontou.

O problema, segundo Segalla, é que neste período o paciente - que não precisaria necessariamente ser internado - ocupa um leito que poderia ser utilizado por alguém que precisa. "O que ela faz nesses 150 dias? Nada", criticou.

"E aí vocês podem me perguntar por que ela não vai para casa. Porque não pode. Se for, pode perder a vaga para o tratamento, que será destinada a uma outra pessoa que está ali", completou.

Segalla apontou também para o custo desnecessário ao erário estadual para manter um paciente num leito durante 150 dias mesmo que ele não precise de internação. Para ele, "isso tudo tem origem no número de máquinas [de hemodiálise], que é pequeno".

O vereador ainda apresentou dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia segundo os quais cerca de 48 mil novos pacientes precisam de hemodiálise todos os anos. "Mas enfrentam problemas com a falta de equipamento e de vagas para realizar o procedimento", explicou o vereador.

Segalla lembra que o HEB e o Hospital de Base (HB) são instituições de referência no setor nefrológico. As unidades, no entanto, estão superlotadas e têm uma enorme fila de espera de pacientes que aguardam pela hemodiálise - ele próprio constatou isso em visita recente ao HE.

O vereador defende também que há outras instituições de saúde aptas a receber equipamentos de hemodiálise caso a ampliação do setor nos hospitais atualmente cadastrados, o Estadual e o de Base, não seja possível. Entre eles o Manoel de Abreu.

Segalla apresentou uma moção de apelo ao senador Marcos Pontes (PL), de Bauru, pedindo auxílio na tomada de providências. O ofício foi aprovado na sessão da última segunda-feira (11) e deve ser encaminhado nas próximas semanas.

Estado trabalha para ampliar vagas

Em nota encaminhada ao JC, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo afirmou que o Departamento Regional de Saúde (DRS) "está trabalhando para a ampliação da oferta de vagas para Hemodiálise no Hospital das Clínicas de Bauru e para Diálise Peritoneal no Hospital Estadual de Bauru".

A nota diz ainda que, "no momento, novas vagas para hemodiálise na região de Bauru são ofertadas quando um paciente realiza transplante renal, quando muda de modalidade (Hemodiálise para Diálise Peritoneal), ou por transferência para outro DRS ou para outro estado".

De acordo com a Saúde estadual, "a regulação das vagas tem como prioridade a disponibilização para os pacientes internados. Nesta quarta-feira (13), 11 estão no Hospital Estadual de Bauru, 4 no Hospital de Base e 2 no Hospital das Clínicas de Bauru, totalizando 17 pacientes".