Vem de Jesus que disse: "Convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1,15). Para acolhermos o Reino de Deus e a vida nova trazida por Jesus é absolutamente necessária a conversão com a mudança de vida. O Evangelho da santa Missa deste quarto domingo da Quaresma - Jo 3,14-21 - é uma exposição clara de que diante de Jesus Cristo morto e ressuscitado ninguém pode ficar indiferente e de que a conversão de vida é a opção mais correta como consequência da fé em Deus, da acolhida do dom de Deus que é o próprio Cristo e da crença no seu Evangelho. Esta provocação Jesus a fez a Nicodemos, "chefe dos judeus".
De que lado ele está? Confrontado com Cristo, ele não poderá se esquivar de decidir. O Evangelho apresenta o final da conversa de Jesus com Nicodemos. Jesus está lhe dizendo: "Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna". O Filho do homem é identificado com Jesus Cristo. Que Ele seja levantado significa ao mesmo tempo a sua elevação na cruz e a sua exaltação na glória da ressurreição. João se serve destes termos de sentido cristão que a comunidade cristã usava na liturgia e na catequese, embora Nicodemos não os entendesse facilmente. No entanto, João prossegue contando que Jesus explicava a Nicodemos que "Deus amou tanto o mundo (os homens e mulheres), que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nEle crer, mas tenha vida eterna.
Deus não enviou o seu Filho ao mundo (aos homens e mulheres) para condená-los, mas para que todos sejam salvos por Ele. Quem nEle crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito". Jesus argumentava desta forma e com estas palavras para desafiar Nicodemos a lançar os olhos da fé no Filho do homem quando fosse elevado na cruz e glorificado na ressurreição. E, assim sendo, motivá-lo a firmar convicção pessoal de que a elevação de Cristo na cruz é a mesma coisa que o dom do amor que Deus deu, ou seja, o seu Filho único que, também por amor, dará a sua vida para a salvação da humanidade. Seja por uma ou por outra a razão, doravante, necessária e indispensável será a fé em Jesus. Quem acreditar no Filho unigênito não será condenado, mas terá a vida eterna, pois Ele não será elevado para condenar ninguém, mas para salvar a todos que Ele crerem. A vida eterna não é a que começa depois da morte, mas é a vida divina ou a vida de Deus mesmo, a qual começa aqui e agora pela fé em Jesus Cristo. Portanto, a vida divina em nós, que é a vida de Deus, só pode acontecer em nós pela nossa vida de fé em Deus e de nossa acolhida ao dom de Deus dado por amor, que é o seu Filho unigênito, o qual também por amor deu a sua vida por nós.
Em breves palavras, a vida divina vem a nós por intermédio da nossa fé em Deus e em Jesus Cristo, o seu Filho unigênito. Também sem a vida divina em cada um de nós, jamais haverá a paz em nós, nos outros e no mundo. Ao encerrar o diálogo com Nicodemos, Jesus lhe dizia que a vinda do Filho do homem e a sua exaltação na cruz são um julgamento para o mundo. No confronto com Ele, o mundo se divide entre os que aceitam a sua luz e os que a rejeitam. "Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. Mas quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus", arrematou Jesus. Os que rejeitam a luz são condenados por sua própria opção, pois sabem que as suas obras não condizem com a verdade da fé em Deus e têm ódio de ver a sua vida de pecados exposta nesta luz. Ora, nesse ódio que os consome se condenam a si mesmos. Não é Cristo quem os condena, pois Ele não veio nem foi elevado na cruz para condenar ninguém, mas para salvar a todos, bastando que nEle creiam. Os que expõem a sua vida com as suas obras à luz de Deus, mostrando a boa vontade que tiveram e têm de viver conforme a vontade de Deus, entram desde já na comunhão da vida divina, ou seja, da vida em Deus mesmo. Essa é a verdade: Jesus Cristo ama e perdoa quem fez o mal, caso se arrependa, bata no peito e peça perdão. O Senhor é piedade e retidão, amor e verdade, justiça e misericórdia.
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