O Gigante foi embora e já procura em sua viagem pelo espaço sideral uma Redação condizente ao seu elevado nível cultural. Eduardo Nasralla, 68 anos, comandava e pautava a Editoria Política do Diário de Bauru.

Tínhamos recursos parcos, mas determinação incomum, com a faca nos dentes. Nasralla, como eu, modéstia à parte, foi o lídimo representante de uma geração que trabalhava por amor, sem almoço, sem jantar...

Além de sempre destemido, Nasralla era o exemplo da concentração. Os dedos na máquina de escrever Olivetti faziam o tec-tec... sem cessar. O cigarro acesso no canto da mesa. O telefone preto de discar a tocar....

"É para você Nasralla", informava Maria América, sub-editora, sempre com sorriso a invadir qualquer coração. Nasralla não atende. Segue concentrado na construção do texto.

Dia seguinte jornal nas ruas e a política da cidade pegando fogo.

Com criatividade impressionante e sagacidade inigualável, Nasralla havia atiçado os políticos do PMDB - Partido do Movimento Democrático Brasileiro (oposição) e Arena - Aliança Renovadora Nacional (situação).

O pega-pega rendia noticias por semanas. E Nasralla com um cigarro aceso, atrás um de outro, se divertia... E já deve continuar se divertindo, ao encontrar-se com os amigos político das décadas de 1970/80.

Eduardo Nasralla foi um visionário há 50, 40, 30 anos atrás. Inovou o texto pondo de lado a narrativa informativa para inflamar com o opinativo.

Esteja onde estiver, esteja escrevendo... Honra demais ter trabalhado com você.

Eduardo Nasralla deixa a viúva Nair Ribeiro Leite, Doutora em História. É pouco ou quer mais? Os filhos Karina, Eduardo Júnior, Bruna e a neta Ana Clara.