COLUNISTA

Não temerei

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

27/01/2024 | Tempo de leitura: 3 min

O encanto do Salmo 23 reside em sua simplicidade e clareza, dispensando quase que completamente interpretações elaboradas. Breve, facilmente memorizável, com imagens poéticas e uma expressão lírica, essa composição ecoa na consciência coletiva dos crentes ao longo dos séculos. No entanto, ao desdobrar a metáfora do Senhor como nosso pastor dentro deste Salmo, suas riquezas se destacam ainda mais.

Davi, o autor, revela suas carências no Salmo 23, expressando necessidades de comida, descanso, água, orientação, abrigo, conforto, moradia e ajuda. Quem supre essas necessidades? O Deus que carece de nada, aquele que declara: "Eu sou quem eu sou". Antes de tudo, eu existo, e após tudo, eu continuarei a existir. Sou o primeiro, sou o último, sou um Deus além do tempo, antes do tempo começar. O que Davi procura expressar é que o Deus celestial pode atender a todas as suas necessidades precisamente porque Ele mesmo é Aquele que não tem necessidade de nada. Ele pastoreia os seus desde a sua plenitude eterna. E mais do que isso, ao afirmar que o Deus eterno é o seu pastor, Davi indica que o Deus autossuficiente coloca todos os recursos de sua plenitude infinita à disposição de criaturas finitas, como ele, Davi. O próprio Deus é um pastor, como afirma Martinho Lutero, o reformador.

O Eterno ser o nosso pastor, aquele que nos guia, que nos alimenta, que garante o nosso futuro, apesar das tribulações dessa era, traz aos piedosos, quando o leem ou ouvem esse Salmo, uma confiança, um consolo ou uma segurança. Porque o Senhor é meu pastor, nada me falta! Se eu tenho ele, eu tenho tudo o que é necessário. Eu tenho Ele. Ele é meu; então eu tenho tudo o que preciso. Se o Senhor é meu pastor, de que mais preciso?

Esta é uma visão profundamente centrada no Deus da vida, do universo e de tudo o que nele existe. O Salmo serve como uma ferramenta nas mãos de Deus para ajustar nossos desejos. Esse Salmo é um oásis em nosso deserto materialista. Convida-nos a pausar e reconsiderar quem Deus é para nós em sua plenitude e nas riquezas infinitas do seu amor. Davi, ao que parece, sabia de antemão o que o apóstolo Paulo descreveria mais tarde como a capacidade de viver "não tendo nada e, no entanto, possuindo tudo" (2 Coríntios 6.10), ou seja, "tendo Deus", ele é o tudo.

Se o Salmo 23 é profundo em apenas seis versículos, é ainda mais notável que, de certa forma, os versículos 2-6 sejam uma expansão do versículo 1. Martinho Lutero chama esse Saltério de "pequena Bíblia" - um resumo do Antigo Testamento. O reformador destaca o Salmo 23 como parte menor da Bíblia. Um Salmo que encapsula toda a narrativa bíblica. O Salmo 23 é uma pequena Bíblia entre os Salmos - dentro da grande Bíblia toda. Este salmo é uma obra-prima que nos acompanha nos vales e em nossa jornada pelo deserto - até finalmente chegarmos a casa do bom pastor.

O Salmo 23 é uma obra-prima. Mais adiante o salmista afirma: "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, pois tu estás comigo". Obviamente, ninguém escolhe atravessar os vales da vida. Os vales representam escuridão, esconderijos de perigos e medos. Um vale remete a trevas profundas. Um vale é lugar de esconderijo de bandidos e predadores. Um vale é onde os inimigos se escondem disfarçados e, o medo advindo provoca imaginações apavorantes. Mas Cristo, o bom Pastor, é quem guia-nos por esses lugares sombrios. Então não temerei! Não temerei; o bom pastor está comigo. Não temerei; o bom pastor é o meu Deus. Não temerei; o bom pastor me fortalecerá. Não temerei; o bom pastor me ajudará. Não temerei; o bom pastor me sustentará.

Portanto, a chave para vencer qualquer temor é repousar sobre os pilares das promessas do bom pastor. E por fim, não importa quando a morte finalmente chegar, Jesus, o nosso pastor, nos levará através da própria morte a "habitar na casa do Senhor para todo sempre" (Salmo 23.6). Logo, o próprio Deus é o fim da jornada de Davi nesse divino Salmo. Como Davi, aproprie-se!

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

61 anos atuando Soli Deo Gloria

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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