COLUNISTA

'Deus nos amou tanto que nos enviou seu Filho único para nos salvar'

Por Dom Caetano Ferrari | 23/12/2023 | Tempo de leitura: 4 min

Bispo Emérito de Bauru

A essência do Natal é o amor. Neste quarto domingo do Advento pode se acender na coroa do Advento a vela de cor vermelha, que simboliza o amor. Pois a Liturgia está a indicar que o Deus amor nasce de novo na festa da sua Natividade, a qual a Igreja e a humanidade cristãs celebram no dia 25 de dezembro. A este quarto domingo do Advento, dia 24, com a Missa, segue-se ao anoitecer a Missa da noite de Natal, anunciando o nascimento do Salvador da humanidade. No Evangelho desta Missa - Lc 1,26-38 - o Anjo saúda Maria, dizendo: "Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo... Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus... O menino que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus... Maria, então, disse: 'Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!'" Paulo interpretou a manifestação deste mistério, magnificamente, como se pode ler em sua carta aos Gálatas: "Quado se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá, ó Pai! (Gl 4,4-7)" Deus se fez filho do homem para nos fazer filhos de Deus. O sublime mistério do amor de Deus se concretizou com o nascimento de Jesus na noite do Natal.

O Evangelho da Missa da noite de Natal é o de Lucas - Lc 2,1-14 - que nos recorda tudo como aconteceu desde o decreto de César Augusto ordenando o recenseamento, a viagem de José até Belém, na Judéia, levando a sua esposa, que estava grávida, a fim de se registrarem. Em seguida, quando se completaram os dias para o parto e, não encontrando lugar em nenhuma hospedaria, Maria deu à luz o seu filho primogênito, que ela o enfaixou e o colocou numa manjedoura. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores que passavam a noite nos campos e lhes disse: "Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor." Até que, de repente, juntou-se ao anjo uma multidão da coorte celeste, que cantavam louvores a Deus: "Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por Ele amados."

No Evangelho da Missa do dia de Natal a Liturgia nos oferece a teologia de João - Jo 1,1-5,9-14. João afirma que a Palavra de Deus se tornou realidade humana, virou verdade real visível. E a verdade real visível é esta: "A Palavra se fez carne e habitou entre nós - v.14" Prossegue João, argumentando que a todos que receberam esta Palavra feito carne concedeu adquirir a capacidade de se tornarem filhos de Deus, para que, ultrapassando o nascimento do sangue e da vontade da carne e do varão, pudessem nascer agora, novamente, de Deus mesmo.

No início deste seu Evangelho João começou lembrando que Jesus é a Palavra de Deus desde antes da criação do mundo: "No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus." Depois, ele continua dizendo que: "Tudo foi feito por meio da Palavra, e sem ela nada se fez de tudo que foi feito," isto é, toda a criação. Avançando na explicação, João afirma que: "na Palavra estava a vida, e a vida é a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la." Só Francisco de Assis compreendeu bem o significado do Natal, quando disse que a Páscoa é, sem dúvida alguma, o mistério maior de nossa fé, no entanto, Jesus não teria morrido e ressuscitado se, primeiro, não tivesse nascido. Contemplando em espírito a suprema humildade do Filho de Deus nascido no Natal, São Francisco admirava como Deus olha para quem dEle se aproxima, com ternura e afeto, a mãe Maria, o pai José, o boi e o burro, as ovelhas, os pastores, os reis. E como jamais alguém o faça, Francisco celebrava o Natal, armando presépios ao vivo, para que todas as pessoas pudessem contemplar o mistério do mundo divino encontrando-se com o mundo humano e desejassem como ele retribuir com igual amor ao Menino Deus, rendendo-lhe glória, como disse João no Evangelho, "glória que Ele recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e verdade (v.14)." Neste ano de 2023, comemora-se o jubileu de 800 anos do primeiro presépio feito por São Francisco em 1223, que ele criou com personagens ao vivo lá naquele bosque próximo à aldeia de Greccio, na Itália. Desde então, por inspiração em São Francisco, o mundo todo aprendeu a montar no Natal o presépio que ao longo do ano fica guardado em caixas, mas conservado vivo nas nossas almas. Desejo a você e a sua família, estimado leitor e leitora, um santo e feliz Natal e um abençoado Ano Novo, com saúde, paz e todo o bem.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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