INVESTIGAÇÃO

Gaeco de Bauru envia apuração do caso hacker ao MPF

Núcleo do Ministério Público afirma que competência para julgar o caso é federal em razão da 'internacionalidade do delito'

Por André Fleury Moraes | 29/11/2023 | Tempo de leitura: 2 min
da Redação

Guilherme Matos

Walmir Henrique Vitorelli teria contratado o hacker
Walmir Henrique Vitorelli teria contratado o hacker

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), um braço do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), declinou da competência de investigar as denúncias de que o cunhado da prefeita Suéllen Rosim (PSD), Walmir Henrique Vitorelli, teria contratado um hacker para investigar desafetos do governo e mandou o caso ao Ministério Público Federal (MPF).

O despacho, assinado pelos promotores Ana Maria Romano, Nelson Febraio Júnior, Gabriela Gonçalves Salvador e Paula Garmes Coube, aponta para a “internacionalidade do delito”, diz que “os atos executórios foram praticados no exterior” e que “eventuais resultados produzidos no Brasil conduzem a competência para julgar e processar os fatos à Justiça Federal”.

A decisão do núcleo de combate ao crime também ressalta que os crimes dos quais os envolvidos são suspeitos estão previstos na Convenção de Budapeste e que compete aos juízes federais processar e julgar os crimes previstos em tratado internacional.

Os promotores determinaram a remessa das investigações à Procuradoria da República – o Ministério Público Federal – de São Paulo, que vai avaliar uma eventual instauração de inquérito.

O caso veio à tona a partir de um depoimento revelado pelo vereador Eduardo Borgo (Novo) no qual o hacker Patrick César da Silva Brito, de Araçatuba e atualmente preso na Sérvia, confessa ter sido contratado por Vitorelli para monitorar adversários da gestão Suéllen. Os alvos teriam sido a vereadora Estela Almagro (PT) e o jornalista Nelson ‘Itaberá’.

Segundo as investigações, o hacker teria sido cooptado por um delegado de Araçatuba depois de invadir o celular do prefeito daquele município. O delegado teria oferecido a soltura de Patrick com a condição de que o hacker trabalhasse informalmente para a polícia.

Patrick teria encontrado Walmir por acaso. Um dos policiais envolvidos no suposto esquema de invasões ilegais a dispositivos eletrônicos, Felipe Garcia Pimenta, seria filho do padrasto de Vitorelli.

A Câmara de Bauru também constituiu uma Comissão Temporária para acompanhar os desdobramentos do caso. O colegiado recebeu há poucos dias uma carta escrita a mão pelo hacker na qual ele admite ter recebido de Vitorelli a solicitação para invadir plataformas até do vice-prefeito Orlando Costa Dias (PP).

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