Aproximando-se o final de ano, a Liturgia dominical vai chamando a atenção para o estado de vigilância no qual devemos viver neste mundo, se não quisermos ser pegos de "calças na mão", como diz o ditado popular. O Evangelho do domingo passado termina com essa chamada: "Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia nem a hora da vinda do Senhor no fim dos tempos ou no fim da nossa vida terrena". Focando o tema da vigilância, foi lida a parábola das dez virgens, cinco prudentes e cinco insensatas, contada por Jesus, segundo São Mateus. Na Missa deste domingo, a Liturgia nos propõe prosseguir em Mateus, capítulo 25, para a escuta de outra parábola de Jesus, "A Parábola dos Talentos" - Mt 25,14-30: "Certo Senhor viajou, ficando muito tempo fora, e voltou de surpresa. Antes de viajar, o Senhor deu a um de seus empregados cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um só, para fazê-los render; a cada qual de acordo com a sua capacidade. O que recebeu cinco talentos lucrou outros cinco. O que recebeu dois talentos lucrou outros dois talentos. O terceiro, que recebeu um só talento, porém, saiu, cavou um buraco na terra e escondeu o dinheiro. Aos dois primeiros que lucraram outros talentos, o Senhor os elogiou e lhes disse: Como fostes fiéis na administração de tão pouco, eu vos confiarei muito mais. Venham participar da minha alegria! O terceiro, que não produziu nada, disse ao Senhor: Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence. O patrão lhe respondeu: Servo mal e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e ceifo onde não semeei? Então, devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence. Dirigindo-se aos seus empregados, o Senhor ordenou: Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez! E acrescentou quanto a este servo inútil: jogai-o lá fora, na escuridão!" A mensagem principal é esta: atenção para não enterrarmos os talentos, dons e carismas, ou a vida que Deus nos deu, mas para investirmos, com responsabilidade, tudo o que temos e somos a serviço do Reino de Deus, sua justiça, amor e misericórdia. Então, nossa vida não terá sido em vão, e quando o Senhor vier ao nosso encontro nos achará com as mãos na massa e os pés na estrada, trabalhando.
Retomando a reflexão sobre o momento atual da vida brasileira, segundo se vê, se ouve e se lê, a tendência geral na sociedade é de reconhecer que a crise maior é, de fato, de ordem moral, sobretudo no campo da ética na política e nos negócios que afetam a administração pública e o seu relacionamento espúrio com as forças produtivas do país. Tanto assim que essa doença moral tem um nome: corrupção. No entanto, a Igreja, concordando que o mal maior é moral, ela vem chamando a atenção para outro tipo de imoralidade, a imoralidade que vem atacando as bases sobre a verdade da família. Da desconstrução da família é que parte o golpe que afeta a vida social, a política, a economia, as relações entre os povos, enfim, a paz. Falei que há uma campanha bem-organizada que faz propaganda sistemática sobre imoralidade sexual, fantasiada de arte, sobre homossexualismo e ideologia de gênero, com a falaciosa justificação de respeito à diversidade e à liberdade. Tudo isso não passa de um verdadeiro ataque à família, santuário da vida, como a entendemos. Alargando o campo da sua crítica, a Igreja combate também outros males, como o assassinato de crianças e adolescentes, a prostituição infantil, a morte de crianças para roubo de órgãos, a mortalidade das crianças nos hospitais públicos, a violência doméstica, o estupro, o feminicídio e o pseudodireito ao aborto.
A Igreja levanta a sua voz contra a frequente profanação de símbolos cristãos, como o crucifixo, a hóstia, a imagem da Padroeira do Brasil, praticada ultimamente por pessoas sem Deus. Todos nós, cristãos, repudiamos essas práticas que são verdadeiramente crimes de vilipêndio condenados pelo Código de Direito Penal, art. 208. Quem combate contra Deus, combate contra a família, que é em primeiro lugar um projeto divino e não uma construção humana. Os progressistas liberais querem uma liberdade geral e irrestrita que autorize qualquer pessoa a se expressar em público e a agir de acordo com o que cada um escolhe não de acordo com a razão, a moral, o bem. Isso sim simboliza a indigência intelectual do país e a avacalhação dos conceitos de liberdade, verdade, moral, direitos humanos. A Igreja conclama: Precisamos lutar para dar um basta e protestar contra a destruição da família e contra a morte das nossas crianças. Temos o dever de defender, proteger e promover a vida de nossas famílias e de nossas crianças e a vida dos mais frágeis, idosos, sofredores, pobres.
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