CRIMINALIDADE

Número de homicídios em 2023 já supera ano passado inteiro em Bauru

Por Larissa Bastos | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Larissa Bastos
Dos 24 óbitos, 14 deles foram com arma de fogo (58,33%), 5 por objeto perfurocortante (20,83%), 4 por objeto contundente (16,67%) e 1 por sufocação (4,17%)
Dos 24 óbitos, 14 deles foram com arma de fogo (58,33%), 5 por objeto perfurocortante (20,83%), 4 por objeto contundente (16,67%) e 1 por sufocação (4,17%)

Em Bauru, o número de homicídios dolosos - quando há intenção de matar - registrados entre janeiro e setembro deste ano já superou o montante contabilizado no município em 2022 inteiro. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), nos primeiros nove meses de 2023, ocorreram 24 assassinatos na cidade, sendo que, no ano passado, foram 22 ao todo. O levantamento não inclui mortes decorrentes de intervenção policial.

Desses 24 óbitos, 14 deles foram causados por tiros de arma de fogo (58,33%), cinco por objeto perfurocortante (20,83%), quatro por objeto contundente (16,67%) e um por sufocação (4,17%). Não há informações sobre a regularidade dos armamentos usados ou dos autores dos disparos quanto à permissão para porte ou posse de arma.

De acordo com o delegado Cledson do Nascimento, titular da 3.ª Delegacia de Homicídios (3.ª DH) da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), responsável pela apuração dos assassinatos de autoria inicialmente desconhecida, uma das possíveis causas para o aumento deste índice seria um contexto de disputa por pontos de vendas de drogas entre grupos rivais ligados ao tráfico.

"Durante as apurações, observamos que, em vários casos recentes, a vítima de uma tentativa de homicídio se tornou autora de homicídio depois. E algumas investigações têm sido difíceis, porque a vítima se recusa a dar informações sobre o autor para poder se vingar", avalia.

Exemplo disso é o caso de um homem de 24 anos que foi baleado em três ocorrências distintas, entre junho e outubro deste ano. Ele foi procurado pela Polícia Civil para fornecer informações sobre a autoria dos crimes. Contudo, a princípio, se negou a colaborar, conforme o JC noticiou na edição desta quinta-feira (2).

Segundo Nascimento, existe ainda a preocupação com uma possível subnotificação de tentativas de homicídio, pois algumas vítimas não acionam a polícia ou o socorro, também na intenção de buscar vingança posteriormente. Inclusive, o número de registros deste tipo de crime na cidade em 2023, até o mês de setembro, já é igual ao de todo o ano passado, com 29 casos em ambos os períodos, apontam dados da SSP-SP.

Assim, as equipes de investigação precisam seguir caminhos alternativos para esclarecer os delitos. "Para elucidação, dependemos também da boa preservação do local dos fatos e obtenção de provas técnicas como, por exemplo, apreensão da arma usada, entre outras. E sempre contamos com a colaboração de familiares, testemunhas ou qualquer cidadão que tenha informações sobre os casos", ressalta o delegado.

A Polícia Civil recebe denúncias pelos telefones 197 e 181 (Disque Denúncia). A Deic de Bauru atende pelo (14) 99668-7751.

Já o comandante do 4.º Batalhão de Caçadores (4.º BC) da Polícia Militar (PM) de Bauru, Paulo Cesar Valentim, destaca que a atuação da corporação é de prevenção e repressão imediata à criminalidade. No caso de homicídios, ele diz que o combate é feito por meio de abordagens e prisões em flagrante delito, apreensão de armas de fogo, patrulhamento em áreas de conflitos, entre outros.

"Mas quando o crime acontece dentro do ambiente familiar residencial, no calor do momento, quando as pessoas perdem a cabeça, é difícil prevenir. Tivemos casos motivados por brigas familiares, ciúmes, surtos após uso de entorpecente e até desacordos comerciais. Hoje, principalmente depois da pandemia, percebemos que as pessoas não têm mais paciência", analisa.

Em complemento, o tenente-coronel Fábio Domingues Pereira, comandante do 13.º Batalhão de Ações Especiais da Polícia (13.º Baep) de Bauru, afirma que o Baep atua nos locais onde há necessidade de controle de índices criminais, em apoio ao 4.º BC, à Polícia Civil e Ministério Público.

"A prisão de indivíduos por porte ilegal de armas é uma forma repressão imediata de homicídios. Entre janeiro e setembro de 2023, apreendemos 35 armas de fogo irregulares na cidade. Destaque para a semana passada, quando um indivíduo foi preso se preparando para matar outra pessoa", detalha.

Também compete à PM a preservação dos locais dos crimes para trabalho da perícia e coleta de provas pela Polícia Civil.

Delegado Cledson do Nascimento, titular da 3ª DH da Deic (crédito: Larissa Bastos)
Delegado Cledson do Nascimento, titular da 3ª DH da Deic (crédito: Larissa Bastos)
Tenente-coronel Paulo Cesar Valentim, comandante do 4.º BC (crédito: Larissa Bastos)
Tenente-coronel Paulo Cesar Valentim, comandante do 4.º BC (crédito: Larissa Bastos)
Comandante do 13.º Baep, tenentecoronel Fábio Domingues Pereira (crédito: Larissa Bastos)
Comandante do 13.º Baep, tenentecoronel Fábio Domingues Pereira (crédito: Larissa Bastos)

Comentários

1 Comentários

  • Tati 03/11/2023
    Manda a conta pro Bolsonaro e seus filhos que incentivaram o armamento!