Um vídeo no qual o médico e ex-deputado estadual Pedro Tobias defende que alunos do curso de Medicina de Bauru da Universidade de São Paulo (USP) rejeitem a formatura em pressão pela criação da Faculdade de Medicina no município gerou reação imediata da diretoria da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP).

O manifesto foi divulgado a 13 dias da sessão solene de colação de grau da primeira turma e conclamou as lideranças políticas e da sociedade civil organizada a integrarem um movimento com o mesmo objetivo.

Como hoje a Medicina da USP na cidade é apenas um curso, os universitários vão se graduar pela Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP). "É uma vergonha para Bauru ter risco de perder a Faculdade de Medicina", disse o ex-deputado.

Pedro Tobias prosseguiu: "Precisamos fazer a Faculdade de Medicina da USP. Bauru precisa reagir. Alunos: reajam. Recusem a formatura. Vai ter reação no Brasil todo. Contem comigo".

A diretoria da FOB rebateu. Ao JC, a diretora da FOB Marília Buzalaf chamou as declarações de "inoportunas" e afirmou que o vídeo do ex-deputado foi ofensivo à imagem da instituição. "Não há demérito nenhum em se formar pela Faculdade de Odontologia", reagiu Buzalaf. "O que importa é a grife. A formação pela USP", continuou.

Buzalaf não vê clima algum para isso. "Primeiro porque não faltou mobilização para a criação da Faculdade de Medicina. Isso é uma luta de todos nós", mencionou.

A possibilidade da criação da nova instituição de ensino superior chegou a ser pautada numa reunião extraordinária do Conselho Universitário da USP, mas o encontro acabou cancelado. O JC apurou que o recuo pode ter sido influenciado por reações vindas de professores membros do colegiado, que anteciparam à reitoria contrariedade à proposta.

A diretora da FOB também sugere que talvez Tobias "desconheça o momento que passamos" e diz que o vídeo também pode prejudicar os alunos. "Imagine se isso pega a 13 dias da colação de grau. Como ficam aqueles que já deram entrada e só estão aguardando o diploma para conseguir registro no Conselho Regional de Medicina?", indaga Buzalaf.