Ser gentil é respeitar a todos, o tempo todo, sem interesse e não apenas nas festas para se mostrar bondoso e educado. Passando por Cafelândia, Estado de São Paulo, imediatamente me veio a figura do Gentileza na memória, o mais autêntico dos filósofos brasileiros, pois foi lá nasceu como José Datrino, um empresário e amansador de animais.
Uma semana depois do incêndio criminoso no “Gran Circus Norte Americano”, em Niterói, em dezembro de 1961, no qual morreram 500 pessoas, a maioria crianças, ele viajou até lá para consolar as vítimas. A partir daí, abandonou a vida no interior e mudou-se para o local, criando ali um jardim florido onde morou por um tempo.
Andarilho pelas ruas, nos ônibus e barcas do Rio de Janeiro, pregava a bondade para as pessoas com mensagens simples. A sua marca maior foi uma frase que ficou gravada na memória dos mais antenados e intelectualizados até hoje: “GENTILEZA GERA GENTILEZA!” Quando podia, dava flores para as pessoas que cruzavam seu caminho, como um gesto de gentileza.
Ao pregar boas mensagens, ele dizia ser “um amansador dos burros-homens da cidade que não tinham esclarecimento. Para Gentileza, a falta de sabedoria e a maldade do homem era culpa do “capetalismo”, em alusão ao capitalismo e uma busca incessante em se ter dinheiro.
LIÇÕES DADAS
A grosseria, desconfiança, maltrato, preconceito e intolerância predominam entre os contatos pessoais e nas redes sociais. Em muitas situações, prefiro me calar e, sair de fininho para não compartilhar ou testemunhar manifestações inexplicáveis de grosseria e estupidez. O filósofo popular escrevia nos viadutos do Rio: “Gentileza gera gentileza, amor, beleza, perfeição bondade e riqueza”. E eu acredito nisto!
As frases e visões de mundo de Gentileza tem uma clareza e explicitude cirúrgicas. Ele induzia as pessoas a refletirem, pedindo para não usarmos “por favor”, que sugere troca de conveniências e sugeria para dizermos “por gentileza” quem vem de “gente”. Outra dica dele era: Fale “agradecido” no lugar de “obrigado”, para não passar a ideia de dever.
Em seus dizeres, sempre recomendava para não usar os problemas e a pobreza para justificar nada ou para conseguir algo. Na história contemporânea, Gentileza é referenciado como um célebre pregador urbano por suas túnicas brancas e barba longa, mas verdadeiramente foi um consolador voluntário para familiares e vítimas de tragédias com suas palavras de bondade, amor e respeito ao próximo e à natureza.
DUAS REFLEXÕES FINAIS
1ª) Seria muito interessante que, silenciosamente, todos se julgassem no tribunal de sua consciência, respondendo às perguntas: eu pratico a gentileza no dia a dia? Parece primário, mas você cumprimenta as pessoas, mesmo as mais simples, no seu dia a dia? Você cede lugar a outras pessoas, quando necessário, nas filas e locais públicos? Você agradece as pessoas quando lhe fazem algo? E pede por gentileza, ou até o por favor, ao solicitar algo para alguém?
2ª) O gentil muitas vezes é considerado maluco ou fora da curva. Quando chamavam Gentileza de louco, ele respondia: "Sou maluco, mas é para te amar e louco para te salvar". Eu já usei esta frase emprestada para agradar algumas pessoas e fiz um sucesso danado. Experimente. Ser gentil e grato com todas as pessoas em casa, no trabalho e no trânsito, faz parte da arte e ciência da vida!
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